Soneto de mim
quando a chuva cai na terra, sou eu
tudo que fui: espada, chaga e escudo
tudo que serei: mundo menos eu
olhos que não mais despertam no escuro
quando a chuva cai na terra, sou seu
tudo que fui: canto, lâmina e azul
tudo que serei: trans-lúcido orfeu
na árdua descida, solitário e nu
o sol sem pálpebras que burilei
encegueceu-me por rumos que eu quis
estes retalhos todos que enverguei
são versos que me lumem por um triz
e de repente, aturdido, sou quase
nitidez que se descobriu miragem
Rodrigo Madeira
Um comentário:
Belíssimo poema!isabel Sprenger Ribas
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