domingo, 22 de março de 2009

Antologia Poesia do Brasil – Poetas Paranaenses participantes do volume 7.




Em 18 de novembro de 2008, foi apresentada à comunidade literária de Curitiba, a Antologia Poesia do Brasil, Vol.7. O evento idealizado pelo núcleo de Curitiba do Proyecto Cultural Sur/Brasil, realizou-se no Centro de Letras do Paraná, em conjunto com a “Tarde da Poesia” – programação da Academia Paranaense da Poesia.
Estiveram presentes diversas Entidades Culturais do Estado e do Município, Poetas da Capital e do interior, Coral da Petrobrás, artistas plásticos, músicos, membros da Comunidade em Geral, além de diversos autores participantes do Volume 7 da antologia Poesia do Brasil, entre eles: - Adélia Woellner, Andréa Motta, Deisi Perin, Eliane Justi, Lucy Reichenbach, Paulo Karam, Paulo Walbach Prestes e Sylvio Magellano.
Dando início ao evento, a Professora Roza de Oliveira – Presidente da Academia Paranaense da Poesia passou a palavra à Coordenadora do núcleo de Curitiba do Proyecto Cultural Sur/Brasil, que realizou breve explanação sobre a antologia, sobre o Projeto Poesia na Escola e Congresso Brasileiro de Poesia. Bem como, apresentou todos os poetas paranaenses participantes do volume 7, convidando os presentes a declamar um de seus poemas constantes do livro.
Ao final foi efetuada pelos autores, doação de diversos exemplares do livro, para o Centro de Letras do Paraná e Academia Paranaense da Poesia - Entidades apoiadoras do evento.
Foram indiscutivelmente momentos de ímpar emoção e alegria. (Andréa Motta).


Paranaenses participantes da Antologia Poesia do Brasil:

Adélia Woellner

Reconhecimento


No espelho das horas,
olhei meu corpo,
o ventre intumescido,
o coração inflado
de sentimentos confusos.

Guerreira inconformada,
usei a lâmina,
sem dó, nem apelo.

Entranhas expostas,
consegui me ver
como sou...

**

Andréa Motta

Trigonometria do teu corpo

Reticente me embriago
no improviso do teu canto
E no imprevisto do afago
Sonho a lua prateando
os ângulos do teu corpo.

Entre a brisa e o vento
na linha divisória do tempo
teu sorriso acelera os batimentos
Me embriago sem anticorpo
no improviso do teu canto.

Lua, lua lua
embebida miopia
e eu tão tua.

**

Deisi Perin
(Deisi Giacomazzi Silva)

Agricultura

Arei sulquei
Cavei adubei.

A semente era eu
Plantada no tempo.
Cortei as raízes,
Nasceram asas.

Mas ainda
não aprendi
a voar.

**

Eliane Justi

Teu jeito

Ah esse teu jeito...
Sapecado de sol, pecado imperfeito.
Teu viço e vitalidade
emanam da tua alma e não da idade.

Hum esse teu jeito...
Acarinha as ondas do peito,
pondo-te inteiro a deslizar
num atiço as águas do mar.

Os mares enciumados reclamam:
as ondas os abandonam
para formar o pico perfeito
a assim, conquistar você e esse teu jeito.

Elas constroem séries só para que você as pegue.
E desenham paredões para que você navegue...
Te envolvem, te molham por inteiro,
prazenteiras roubam-te ao longo do tubo aventureiro.

Ah esse teu jeito... o que mais dizer?
Apenas que é lindo de ver.
Sozinho ou abraçado a tua prancha
Sob teus pés nus, toda a praia se desmancha.

**
Jiddu Saldanha

O vento lambe o rio
afaga a pele da menina
música de pincéis.

**
Lucy Reichenbach

A Céu Aberto

Se de perto me fazes nascer versos
nas lonjuras quebras-me o riso
Sigo uma ferida a céu aberto
Sem lenitivo e sem cura

Os dias voam iguais, nos sinais
Olhos teus em muitos procuro
O vento dança linho nos varais
e entre nós, é largo e alto o muro

secam-me os beijos na boca
esvaem-se os anos pelos dedos
e ainda troa essa voz tua, rouca...

**

Paulo Karam

Juras II

Nesta noite eu juro, meu amor
Ninguém nos há de separar,
Ninguém te fará sentir a dor
e de saudade chorar.

Olha! Esta lua de marfim
guarda na memória esta jura
que resume até o fim
minha alegria santa e pura.

Finalmente nos braços meus!
Este liame da nossa vida
foi atado por graça de Deus.

Meu dever, eu sei, é te amar,
portanto durante a minha vida
Ninguém nos há de separar.

**

Paulo Walbach Prestes

Atrás do tempo...

A hora que passa - o tempo que voa...
Igual ao pardal, que belisca à toa, a manga do meu quintal.
E com o bico ainda sujo, põe-se a voar...

Eu espero assim...
Andando no tempo, tomando a friagem
na garoa gelada, atrás de quimeras,
da doce primavera – do botão da rosa a desabrochar:
É o tempo correndo e a vida trazendo, um novo amanhã no meu despertar.

Arranco um botão... da minha camisa,
pois chega o verão...
E eu, ainda vestido, num dia de sol,
que marca o tempo arranhando o céu.
Com o corpo desnudo e a pela morena,
à beira do mar... É tempo de amar...
o ser que me envolve, na ternura do cheiro e no perfume do ar.

E a folha caída da velha mangueira no outono da vida,
no caderno que leio a poesia que fiz...
Releio a folha marcada, já tão desbotada, pensei ser feliz!

E no sopro do vento, que leva a folha e o tempo, e eu... a esperar,
o encontro da espuma na gulosa areia, o beijo do mar!

Mas, o frio ardido do vento sulino, começa a soprar...
E no fundo da alma, o inverno me acalma a noite me aquece,
ponho-me a sonhar...

Acordo!
Ao ver no relógio o ponteiro girando,
Eu fico a pensar:
Na dura partida, do amor e do tempo, que a vida nos faz...
Tão breve passar!

**

Rodrigo Mebs

Superstição

treva
nem se atreva
atravessar
a minha sorte

trago
meu trevo
de quatro folhas

todas em branco

prontas
para dar a luz
à minha arte.

**

Sylvio Magellano

A Última “Vernissage”

“A noite ficará mil vezes mais triste,
depois que a tua luz me faltar..“.
(Shakespeare).



O casaco de pele ainda guarda
O perfume que ela gostava.
O leve toque de minha mão lembra,
Por breve instante, a fragrância suave
Da última “vernissage”.

Na noite glamorosa toda a elegância
Da mulher vaidosa desfilava, exultante.
A atmosfera festiva brilhava
No seu semblante,
Ela flutuava, atraente, instigante.

A beleza é sua lembrança,
Recordação indelével da vida passada,
Nas fascinantes noites de glória,
Calidamente retidas na memória.

Como um poema
Que conserva o seu brilho...
E não desvanece.

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