Nota de Falecimento:Alonso Rocha, IV Príncipe dos Poetas do Pará falece em 22 de Fevereiro de 2011
É com pesar que comunicamos o falecimento de
Alonso Rocha, Príncipe dos Poetas Paraenses
e presidente da Academia Paraense de Letras
e da União Brasileira de Trovadores, Seção de Belém.
Antonio Juraci Siqueira, Vice-Presidente da UBT- Belém.
Trovadores do Paraná lamentam profundamente a perda, irreparável, do célebre incentivador da cultura paraense Alonso Rocha.
Nunca morre o trovador,
se afasta fisicamente...
Sobrevivem trova e autor
no dia-a-dia da gente!
Vânia Maria Souza Ennes
Alonso Rocha:Nascido a 15 de dezembro de 1926, foi casado com Rita Ferreira Rocha e pai de cinco filhos: Sérgio Alonso (médico), Nelson Alonso (médico), Ângela Rosa (arquiteta), Geraldo Alonso engenheiro-elétrico e eletrônico) e Ronaldo Alonso (falecido em 1977). Filho do poeta Rocha Júnior e Adalgiza Guimarães Pinheiro Rocha. Faleceu em 22 de fevereiro de 2011.
É IV Príncipe dos Poetas do Pará, escolhido após consulta a um colégio eleitoral constituído de 200 personalidades integrantes dos círculos culturais, científicos e sociais do Estado, pessoas essas ligadas às artes e selecionadas por uma comissão especial formada pelos escritores Georgenor de Sousa Franco Filho, Pedro Tupinambá, Victor Tamer e Albelardo Santos. O resultado de votação através de voto assinado, foi apurado em sessão pública do dia 8 de outubro de 1987, tendo recebido sufrágios de 14 poetas residentes no Pará. Por maioria absoluta de votos (56,77%) do total, Alonso Rocha foi eleito, tendo recebido na sessão solene de 21 de julho de 1989 (sesquicentenário de Machado de Assis) a comenda de 35 gramas de ouro, oferecida pelo governo do Estado do Pará.
Na adolescência, em 1942, fundou a Academia dos Novos em companhia de Jurandyr Bezerra, Max Martins e Antônio Comaru Leal. Ao grupo vieram juntar-se jovens intelectuais da época, como Benedito Nunes, Haroldo Maranhão, Leonan Cruz, Raimundo Melo, Fernando Tasso de Campos Ribeiro, Arnaldo Duarte Cavalcante, Gelmirez Melo, Edmar Souza, Benedito Pádua, Otávio Blatter Pinho, Antero Soeiro, Eduálvaro Hass Gonçalves, Alberto Bordalo e Lúcia Clairefort Seguin Dias.
Seu livro de poesias Pelas Mãos do Vento, obteve os prêmios Vespasiano Ramos (1954) da Academia Paraense de Letras E Santa Helena magno (1955) do governo do Estado do Pará.
Raimundo Alonso Pinheiro Rocha ocupou a cadeira n° 32 da Academia Paraense de Letras, eleito em 22.11.96, em sucessão a Olavo Nunes e Bruno de Menezes, tendo como patrono o poeta Natividade Lima.
Participou da diretoria da Academia desde o ano de 1964, ininterruptamente, com mandato até 2.006.
Possui vários troféus, medalhas e diplomas, resultantes de certames poético como:
1º. Lugar no concurso promovido pelo jornal “A Província do Pará” e Prefeitura Municipal de Belém (1961),
2° Concurso do Norte e Nordeste de Poesia, patrocinado pelo jornal “Folha do Norte”, Palma de Ouro e Palma de Bronze,no concurso Poetas do Mundo Lusíada da Academia de Poemas de Massachusetts (Estados Unidos da América -1987),Medalha de Bronze, no concurso Evolução da Cultura Brasileira, na segunda metade do século XX,do Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes (Rio de Janeiro, 1933),1º. Lugar, por unanimidade, do 1º. Concurso Nacional de Poesia do Clube dos Magistrados do Rio de Janeiro (1997) e honrosas classificações em concurso de sonetos em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de janeiro.
Foi presidente (4º. Mandato) da União Brasileira de Trovadores – seção Belém, tendo promovido em 1997 o I Jogos Florais de Belém, bem como o XIII Concurso nacional de Trovas no ano de 2.002/Belém-Pará.
A trova, forma poética que cultivou somente há pouco tempo, proporcionou a Alonso Rocha inúmeras vitórias em Jogos Florais e concursos pelo Brasil, notadamente no Pará, no Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.
Como sonetista, foi apontado como um dos melhores dos últimos tempos e um dos maiores dos últimos 50 anos do Pará.
Malba Tahan, no livro A Lua (editora Luz, Rio, 1955) publica o seu soneto à Lua Cheia e o classifica como “autêntico príncipe da poesia contemporânea).
Alonso Rocha que, com muito encanto, declamou os seus trabalhos em festas literárias pelo Brasil, foi sócio-correspondente das:
Academia Norte Rio-Grande de Letras,
Academia Municipalista de Letras do Brasil,
Academia Sete-Lagoana de Letras,
Academia Eldoradense de Letras,
Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes,
sócio honorário da Academia Piauiense de Letras e
cidadão honorário do Município de Marapanim-PA.
Livros Publicados:
"Pelas Mãos do Vento" (poesia) - Editora Falangola - Belém - 1955;
"Bruno de Menezes" ou a sutiliza da transição - (Ensaio ao lado de Célia Coleho Bassalo, J.Arthur Bogéa, João Carlos Pereira e Joaquim Inojosa) - Universidade Federal do Pará - 1994;
Nota: o mesmo trabalho (ensaio) foi publicado pela Universidade Amazônia, na Revista do Curso de Letras (Asas da Palavra) - Outubro de 1996.
"O Tempo e o Canto" (poesia) - Universidade da Amazônia - Agosto de 2009.
Medalha e diploma possuídos:
Medalha condecorativa José Veríssimo, medalhas culturais Olavo Bilac, Paulino de Brito, Dr. Acylino de Leão, D. Pedro I, Centenário do Teatro da Paz, Bicentenário da Igreja São João Batista, Centenário da Fundação da Biblioteca e Arquivos Públicos do Pará,conferidos pelo governo do Estado do Pará, Conselho de Cultura do Pará e Academia paraense de Letras. Medalha Olavo Bilac, do Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes, medalha condecorativa da Academia Municipalista de Letras do Brasil e diploma de honra ao mérito do Instituto de Educação do Pará.
Como bancário atuou no sindicalismo de 1954 a 1976, tendo sido membro fundador da Federação dos Bancários do Norte-Nordeste (Recife 1958) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito- CONTEC (Belo Horizonte, 1958) de onde foi diretor. Também diretor do Sindicato dos Bancários de Belém. Atuou como delegado em 17 congressos de trabalhadores em vários Estados. No Pará, foi coordenador-geral dos I e II Encontro de Trabalhadores do Pará (1962 e 1968), membro da executiva e secretário-geral do I Congresso de Trabalhadores da Amazônia (1963).
No último conclave a que compareceu (RJ-1976), foi unanimemente escolhido como representante dos bancários e securitários do Norte-Nordeste, tendo presidido uma das cinco sessões plenárias e pronunciado o discurso oficial em nome das duas regiões. Deixou as atividades sindicais por recomendação médica, tendo recebido a medalha do Cinqüentenário do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá.
Poeta eclético, não aprisionado a escolas e sem preconceito com qualquer forma de manifestação poética, Alonso Rocha foi dinâmico colaborador da gestão e representatividade da Academia Paraense de Letras.
Fontes:
Portal dos Sonhos e das Poesias
Alonso Rocha (Caderno de Trovas)
A igreja, as flores e o eleito,
ela de branco e eu tristonho;
foi o cenário perfeito
para o enterro de meu sonho.
Ao lembrar que o teu brinquedo
é decifrar-me, sorrio...
-- De nada vale o segredo
de um velho cofre vazio.
Dei conforto em hora aguda
a tantos (que nem mais sei),
mas na dor só tive ajuda
de mãos que nunca ajudei.
De uma paixão incontida,
o tempo - insano juiz -
pode curar a ferida
mas nos deixa a cicatriz.
Em sofrer minha alma insiste
mesmo sabendo, também,
que a dor da espera é mais triste
se não se espera ninguém.
Quem se julga eterno herdeiro
de um mundo farto e bizarro,
esquece que Deus – o Oleiro –
cobra o retorno do barro.
Não desistas nem te dobres
se o teu trabalho é perdido,
pois nos garimpos dos pobres
há sempre um veio escondido.
Nas manhãs, num velho rito
(com o fim de protegê-las)
o Sol - pastor do infinito -
guarda o rebanho de estrelas.
O Tempo em constante jogo,
renova a festa pagã
quando o Sol - centauro de fogo -
rasga as vestes da manhã.
Por esse amor insensato
eu sei que o céu me condena,
mas a escolha do meu ato
eu troco por qualquer pena.
Por que tanto preconceito,
cobiça, orgulho e ambição,
se os homens só têm direito
a sete palmos do chão?
Quando já idoso e grisalho
te abraças numa paixão,
o tempo é o roto espantalho
que te afugenta a razão.
Quando o sofrer é infinito
e a vida nos deixa a sós,
ao sufocarmos o grito,
grita o silêncio por nós.
Se em noite de Lua cheia
rolas em doce arrepio,
de certo um boto vagueia
na preamar de teu cio.
Sempre que eu sonho na vida
sou, numa luta sem jaça,
borboleta enlouquecida
batendo contra a vidraça.
Sem resposta que conforte,
dúvida imensa me corta:
Qual o segredo da morte?
Fim? Partida? Porto? Porta?
Sobra do amor, rarefeita,
e tudo o que me restou,
a ternura é a flor que enfeita
o jarro triste que eu sou.
Tu partiste: em penitência,
sem pranto que me conforte,
eu sinto na dor da ausência
tua presença mais forte.
Fontes:
Portal dos Sonhos e das Poesias
Falando de Trova
UBT Nacional
Alonso Rocha (Livro de Poesias)
SONETO À LUA CHEIA
Lua de celofane – lua amarga,
a mensagem de amor que hoje me trazes
rasga no coração como tenazes,
essa dor que se alarga, que se alarga.
Lua de gesso estéril, em tua carga,
por não me decifrar, tu te comprazes,
em ver que eu sou, em tons tristes, lilases,
jogral de um circo azul, na noite larga.
De sofrer já cansei, mas dizes: - “Ama!”
e tua luz – espelho onde me encanto –
na ante-manhã deserta, se derrama.
Porém não creio mais no teu milagre;
- quem teve tanto amor, odeia tanto;
eu que fui vinho agora sou vinagre.
SONETO À MESMA FLOR
Quando moço roubei na madrugada
do seio de uma flor recém-aberta
uma gota de orvalho e como oferta
a deixei em teus lábios, abrigada.
Hoje, quando recordo (Oh! Doce Amada!)
esse tempo de arroubo e descoberta
uma saudade, trêmula, desperta
e vem sangrar-me com a sua espada.
Iguais a flor, também envelhecemos
mas ao despetalar ainda trazemos
almas unidas, mãos entrelaçadas,
porque do amor a essência mais preciosa
( assim como o perfume de uma rosa)
permanece nas pétalas secadas.
SONETO À JOVEM ESPOSA
Hoje eu te trago, em minhas mãos, guardada,
a gota d’água – a pérola serena –
que eu roubei de uma pálida açucena
recém-aberta pela madrugada.
Louco poeta que sou! (Oh! Doce Amada!)
Em trazer-te essa dádiva pequena.
Culpa as estrelas, culpa a cantilena
do vento. E em nossa alcova penumbrada
dormes. E nem percebes no teu sono
que em teus lábios, fechados, abandono
a lágrima de luz – um mundo pleno.
Não despertes, ririas certamente
se me visses beijando, ingenuamente,
tua boca molhada de sereno.
POEMA DO ULTIMO INSTANTE
( ao poeta José Guilherme, onde estiver)
Havia o sonhador
a mesa e os seus convivas.
O pão infermentado
fragmentado
e o vinho das angústias.
- Senhor! Afasta o cálice ( câncer sobre a carne)
e a cruz dos sem-perdão.
Deixa-me (ainda) repartir os peixes
e os lírios de teus campos
- dízimo deste encanto
lobo que me devora.
Atira sobre o poema o círculo perfeito
e os dados da palavra.
Derrama a chuva
tua lança e os teus cravos
na terra que semeio.
Assim falava o Poeta
enquanto o sol e outros deuses (os mortos esquecidos)
com essência de mirra em seus turíbulos
já perfumavam a pedra
- altar para o seu corpo.
MINHA PRECE
POR MEU FILHO NO DIA DA SUA MORTE
(... para Ronaldo Alonso)
Ele era um pássaro, Senhor,
cujas asas feriste antes do vôo.
Ele era fonte
e sufocaste o canto em sua garganta
e pouca além da lágrima e do riso
- como apelo ou mensagem –
lhe deixaste.
Ele era frágil, Senhor,
e lhe enevoaste o entendimento
e com agudos espinhos o pregaste
tantos anos no seu leito.
Até seus olhos, Senhor,
- inquietos peixinhos coloridos –
aprisionaste
no reduzido aquário do seu quarto.
Mas eu te louvo, Senhor,
por Tua bondade
quando lhe ensinaste a gritar a palavra “mãe”
- única de sua boca –
como sinal de angústia e como hino de amor.
Hoje, Dá-me a beber, Senhor,
o Vinho de Tua Paz
na mesma taça de fel e sofrimento
com que o premiaste,
para que eu possa de joelhos
celebrar contigo
um retorno de um anjo ao Teu reinado!
BREVE TEMPO
Se me queres amar ama-me nesta hora
enquanto fruto dando-te a semente.
Se te apraz me louvar louva-me agora
quando do teu louvor vivo carente.
Aprende a te doar antes que a aurora
mude nas cores cinza do poente.
Se precisas chorar debruça e chora
hoje que o meu regaço é doce e quente.
A vida é breve dança sobre arame.
Sorve teu cálice antes que derrame
ninho vazio que o vento derrubou.
Porque quando eu cair num dia incerto
parado o coração o olhar deserto
nem mesmo eu saberei que já não sou.
NO ESPELHO
Da armadura do medo me desnudo
o estandarte na mão, a flor no peito
e enfrento, temerário, o cristal vivo
de tua face – espelho onde me busco.
Sou dócil ao teu poder e mel e seiva
da boca se derramam em doce riso,
como a rasgar a carne me entretenho
para me alimentar de encantamento.
Entrego-te meu rosto e o desfiguras
e a máscara real pesada tomba
- envelhecido pó – na tua lâmina.
E na visão da imagem refletida
em desespero e espanto me descubro
na placenta da morte prisioneiro.
Fontes:
Portal dos Sonhos e das Poesias
http://www.sarahmrodrigues.com/luau/prece_alonso.htm
http://covadospoetas.blogspot.com/2011/02/alonso-rocha-o-principe-dos-poetas.html
É com pesar que comunicamos o falecimento de
Alonso Rocha, Príncipe dos Poetas Paraenses
e presidente da Academia Paraense de Letras
e da União Brasileira de Trovadores, Seção de Belém.
Antonio Juraci Siqueira, Vice-Presidente da UBT- Belém.
Trovadores do Paraná lamentam profundamente a perda, irreparável, do célebre incentivador da cultura paraense Alonso Rocha.
Nunca morre o trovador,
se afasta fisicamente...
Sobrevivem trova e autor
no dia-a-dia da gente!
Vânia Maria Souza Ennes
Alonso Rocha:Nascido a 15 de dezembro de 1926, foi casado com Rita Ferreira Rocha e pai de cinco filhos: Sérgio Alonso (médico), Nelson Alonso (médico), Ângela Rosa (arquiteta), Geraldo Alonso engenheiro-elétrico e eletrônico) e Ronaldo Alonso (falecido em 1977). Filho do poeta Rocha Júnior e Adalgiza Guimarães Pinheiro Rocha. Faleceu em 22 de fevereiro de 2011.
É IV Príncipe dos Poetas do Pará, escolhido após consulta a um colégio eleitoral constituído de 200 personalidades integrantes dos círculos culturais, científicos e sociais do Estado, pessoas essas ligadas às artes e selecionadas por uma comissão especial formada pelos escritores Georgenor de Sousa Franco Filho, Pedro Tupinambá, Victor Tamer e Albelardo Santos. O resultado de votação através de voto assinado, foi apurado em sessão pública do dia 8 de outubro de 1987, tendo recebido sufrágios de 14 poetas residentes no Pará. Por maioria absoluta de votos (56,77%) do total, Alonso Rocha foi eleito, tendo recebido na sessão solene de 21 de julho de 1989 (sesquicentenário de Machado de Assis) a comenda de 35 gramas de ouro, oferecida pelo governo do Estado do Pará.
Na adolescência, em 1942, fundou a Academia dos Novos em companhia de Jurandyr Bezerra, Max Martins e Antônio Comaru Leal. Ao grupo vieram juntar-se jovens intelectuais da época, como Benedito Nunes, Haroldo Maranhão, Leonan Cruz, Raimundo Melo, Fernando Tasso de Campos Ribeiro, Arnaldo Duarte Cavalcante, Gelmirez Melo, Edmar Souza, Benedito Pádua, Otávio Blatter Pinho, Antero Soeiro, Eduálvaro Hass Gonçalves, Alberto Bordalo e Lúcia Clairefort Seguin Dias.
Seu livro de poesias Pelas Mãos do Vento, obteve os prêmios Vespasiano Ramos (1954) da Academia Paraense de Letras E Santa Helena magno (1955) do governo do Estado do Pará.
Raimundo Alonso Pinheiro Rocha ocupou a cadeira n° 32 da Academia Paraense de Letras, eleito em 22.11.96, em sucessão a Olavo Nunes e Bruno de Menezes, tendo como patrono o poeta Natividade Lima.
Participou da diretoria da Academia desde o ano de 1964, ininterruptamente, com mandato até 2.006.
Possui vários troféus, medalhas e diplomas, resultantes de certames poético como:
1º. Lugar no concurso promovido pelo jornal “A Província do Pará” e Prefeitura Municipal de Belém (1961),
2° Concurso do Norte e Nordeste de Poesia, patrocinado pelo jornal “Folha do Norte”, Palma de Ouro e Palma de Bronze,no concurso Poetas do Mundo Lusíada da Academia de Poemas de Massachusetts (Estados Unidos da América -1987),Medalha de Bronze, no concurso Evolução da Cultura Brasileira, na segunda metade do século XX,do Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes (Rio de Janeiro, 1933),1º. Lugar, por unanimidade, do 1º. Concurso Nacional de Poesia do Clube dos Magistrados do Rio de Janeiro (1997) e honrosas classificações em concurso de sonetos em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de janeiro.
Foi presidente (4º. Mandato) da União Brasileira de Trovadores – seção Belém, tendo promovido em 1997 o I Jogos Florais de Belém, bem como o XIII Concurso nacional de Trovas no ano de 2.002/Belém-Pará.
A trova, forma poética que cultivou somente há pouco tempo, proporcionou a Alonso Rocha inúmeras vitórias em Jogos Florais e concursos pelo Brasil, notadamente no Pará, no Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.
Como sonetista, foi apontado como um dos melhores dos últimos tempos e um dos maiores dos últimos 50 anos do Pará.
Malba Tahan, no livro A Lua (editora Luz, Rio, 1955) publica o seu soneto à Lua Cheia e o classifica como “autêntico príncipe da poesia contemporânea).
Alonso Rocha que, com muito encanto, declamou os seus trabalhos em festas literárias pelo Brasil, foi sócio-correspondente das:
Academia Norte Rio-Grande de Letras,
Academia Municipalista de Letras do Brasil,
Academia Sete-Lagoana de Letras,
Academia Eldoradense de Letras,
Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes,
sócio honorário da Academia Piauiense de Letras e
cidadão honorário do Município de Marapanim-PA.
Livros Publicados:
"Pelas Mãos do Vento" (poesia) - Editora Falangola - Belém - 1955;
"Bruno de Menezes" ou a sutiliza da transição - (Ensaio ao lado de Célia Coleho Bassalo, J.Arthur Bogéa, João Carlos Pereira e Joaquim Inojosa) - Universidade Federal do Pará - 1994;
Nota: o mesmo trabalho (ensaio) foi publicado pela Universidade Amazônia, na Revista do Curso de Letras (Asas da Palavra) - Outubro de 1996.
"O Tempo e o Canto" (poesia) - Universidade da Amazônia - Agosto de 2009.
Medalha e diploma possuídos:
Medalha condecorativa José Veríssimo, medalhas culturais Olavo Bilac, Paulino de Brito, Dr. Acylino de Leão, D. Pedro I, Centenário do Teatro da Paz, Bicentenário da Igreja São João Batista, Centenário da Fundação da Biblioteca e Arquivos Públicos do Pará,conferidos pelo governo do Estado do Pará, Conselho de Cultura do Pará e Academia paraense de Letras. Medalha Olavo Bilac, do Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes, medalha condecorativa da Academia Municipalista de Letras do Brasil e diploma de honra ao mérito do Instituto de Educação do Pará.
Como bancário atuou no sindicalismo de 1954 a 1976, tendo sido membro fundador da Federação dos Bancários do Norte-Nordeste (Recife 1958) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito- CONTEC (Belo Horizonte, 1958) de onde foi diretor. Também diretor do Sindicato dos Bancários de Belém. Atuou como delegado em 17 congressos de trabalhadores em vários Estados. No Pará, foi coordenador-geral dos I e II Encontro de Trabalhadores do Pará (1962 e 1968), membro da executiva e secretário-geral do I Congresso de Trabalhadores da Amazônia (1963).
No último conclave a que compareceu (RJ-1976), foi unanimemente escolhido como representante dos bancários e securitários do Norte-Nordeste, tendo presidido uma das cinco sessões plenárias e pronunciado o discurso oficial em nome das duas regiões. Deixou as atividades sindicais por recomendação médica, tendo recebido a medalha do Cinqüentenário do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá.
Poeta eclético, não aprisionado a escolas e sem preconceito com qualquer forma de manifestação poética, Alonso Rocha foi dinâmico colaborador da gestão e representatividade da Academia Paraense de Letras.
Fontes:
Portal dos Sonhos e das Poesias
Alonso Rocha (Caderno de Trovas)
A igreja, as flores e o eleito,
ela de branco e eu tristonho;
foi o cenário perfeito
para o enterro de meu sonho.
Ao lembrar que o teu brinquedo
é decifrar-me, sorrio...
-- De nada vale o segredo
de um velho cofre vazio.
Dei conforto em hora aguda
a tantos (que nem mais sei),
mas na dor só tive ajuda
de mãos que nunca ajudei.
De uma paixão incontida,
o tempo - insano juiz -
pode curar a ferida
mas nos deixa a cicatriz.
Em sofrer minha alma insiste
mesmo sabendo, também,
que a dor da espera é mais triste
se não se espera ninguém.
Quem se julga eterno herdeiro
de um mundo farto e bizarro,
esquece que Deus – o Oleiro –
cobra o retorno do barro.
Não desistas nem te dobres
se o teu trabalho é perdido,
pois nos garimpos dos pobres
há sempre um veio escondido.
Nas manhãs, num velho rito
(com o fim de protegê-las)
o Sol - pastor do infinito -
guarda o rebanho de estrelas.
O Tempo em constante jogo,
renova a festa pagã
quando o Sol - centauro de fogo -
rasga as vestes da manhã.
Por esse amor insensato
eu sei que o céu me condena,
mas a escolha do meu ato
eu troco por qualquer pena.
Por que tanto preconceito,
cobiça, orgulho e ambição,
se os homens só têm direito
a sete palmos do chão?
Quando já idoso e grisalho
te abraças numa paixão,
o tempo é o roto espantalho
que te afugenta a razão.
Quando o sofrer é infinito
e a vida nos deixa a sós,
ao sufocarmos o grito,
grita o silêncio por nós.
Se em noite de Lua cheia
rolas em doce arrepio,
de certo um boto vagueia
na preamar de teu cio.
Sempre que eu sonho na vida
sou, numa luta sem jaça,
borboleta enlouquecida
batendo contra a vidraça.
Sem resposta que conforte,
dúvida imensa me corta:
Qual o segredo da morte?
Fim? Partida? Porto? Porta?
Sobra do amor, rarefeita,
e tudo o que me restou,
a ternura é a flor que enfeita
o jarro triste que eu sou.
Tu partiste: em penitência,
sem pranto que me conforte,
eu sinto na dor da ausência
tua presença mais forte.
Fontes:
Portal dos Sonhos e das Poesias
Falando de Trova
UBT Nacional
Alonso Rocha (Livro de Poesias)
SONETO À LUA CHEIA
Lua de celofane – lua amarga,
a mensagem de amor que hoje me trazes
rasga no coração como tenazes,
essa dor que se alarga, que se alarga.
Lua de gesso estéril, em tua carga,
por não me decifrar, tu te comprazes,
em ver que eu sou, em tons tristes, lilases,
jogral de um circo azul, na noite larga.
De sofrer já cansei, mas dizes: - “Ama!”
e tua luz – espelho onde me encanto –
na ante-manhã deserta, se derrama.
Porém não creio mais no teu milagre;
- quem teve tanto amor, odeia tanto;
eu que fui vinho agora sou vinagre.
SONETO À MESMA FLOR
Quando moço roubei na madrugada
do seio de uma flor recém-aberta
uma gota de orvalho e como oferta
a deixei em teus lábios, abrigada.
Hoje, quando recordo (Oh! Doce Amada!)
esse tempo de arroubo e descoberta
uma saudade, trêmula, desperta
e vem sangrar-me com a sua espada.
Iguais a flor, também envelhecemos
mas ao despetalar ainda trazemos
almas unidas, mãos entrelaçadas,
porque do amor a essência mais preciosa
( assim como o perfume de uma rosa)
permanece nas pétalas secadas.
SONETO À JOVEM ESPOSA
Hoje eu te trago, em minhas mãos, guardada,
a gota d’água – a pérola serena –
que eu roubei de uma pálida açucena
recém-aberta pela madrugada.
Louco poeta que sou! (Oh! Doce Amada!)
Em trazer-te essa dádiva pequena.
Culpa as estrelas, culpa a cantilena
do vento. E em nossa alcova penumbrada
dormes. E nem percebes no teu sono
que em teus lábios, fechados, abandono
a lágrima de luz – um mundo pleno.
Não despertes, ririas certamente
se me visses beijando, ingenuamente,
tua boca molhada de sereno.
POEMA DO ULTIMO INSTANTE
( ao poeta José Guilherme, onde estiver)
Havia o sonhador
a mesa e os seus convivas.
O pão infermentado
fragmentado
e o vinho das angústias.
- Senhor! Afasta o cálice ( câncer sobre a carne)
e a cruz dos sem-perdão.
Deixa-me (ainda) repartir os peixes
e os lírios de teus campos
- dízimo deste encanto
lobo que me devora.
Atira sobre o poema o círculo perfeito
e os dados da palavra.
Derrama a chuva
tua lança e os teus cravos
na terra que semeio.
Assim falava o Poeta
enquanto o sol e outros deuses (os mortos esquecidos)
com essência de mirra em seus turíbulos
já perfumavam a pedra
- altar para o seu corpo.
MINHA PRECE
POR MEU FILHO NO DIA DA SUA MORTE
(... para Ronaldo Alonso)
Ele era um pássaro, Senhor,
cujas asas feriste antes do vôo.
Ele era fonte
e sufocaste o canto em sua garganta
e pouca além da lágrima e do riso
- como apelo ou mensagem –
lhe deixaste.
Ele era frágil, Senhor,
e lhe enevoaste o entendimento
e com agudos espinhos o pregaste
tantos anos no seu leito.
Até seus olhos, Senhor,
- inquietos peixinhos coloridos –
aprisionaste
no reduzido aquário do seu quarto.
Mas eu te louvo, Senhor,
por Tua bondade
quando lhe ensinaste a gritar a palavra “mãe”
- única de sua boca –
como sinal de angústia e como hino de amor.
Hoje, Dá-me a beber, Senhor,
o Vinho de Tua Paz
na mesma taça de fel e sofrimento
com que o premiaste,
para que eu possa de joelhos
celebrar contigo
um retorno de um anjo ao Teu reinado!
BREVE TEMPO
Se me queres amar ama-me nesta hora
enquanto fruto dando-te a semente.
Se te apraz me louvar louva-me agora
quando do teu louvor vivo carente.
Aprende a te doar antes que a aurora
mude nas cores cinza do poente.
Se precisas chorar debruça e chora
hoje que o meu regaço é doce e quente.
A vida é breve dança sobre arame.
Sorve teu cálice antes que derrame
ninho vazio que o vento derrubou.
Porque quando eu cair num dia incerto
parado o coração o olhar deserto
nem mesmo eu saberei que já não sou.
NO ESPELHO
Da armadura do medo me desnudo
o estandarte na mão, a flor no peito
e enfrento, temerário, o cristal vivo
de tua face – espelho onde me busco.
Sou dócil ao teu poder e mel e seiva
da boca se derramam em doce riso,
como a rasgar a carne me entretenho
para me alimentar de encantamento.
Entrego-te meu rosto e o desfiguras
e a máscara real pesada tomba
- envelhecido pó – na tua lâmina.
E na visão da imagem refletida
em desespero e espanto me descubro
na placenta da morte prisioneiro.
Fontes:
Portal dos Sonhos e das Poesias
http://www.sarahmrodrigues.com/luau/prece_alonso.htm
http://covadospoetas.blogspot.com/2011/02/alonso-rocha-o-principe-dos-poetas.html
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