quarta-feira, 8 de julho de 2009

Jovem Talento: Rodrigo Mebs

Foram oito meses de gestação. O ano era 1980. No auge de um rigoroso e curitibano inverno, nascia Rodrigo Mebs. Um piá que conheceu a poesia por conta própria, vasculhando os encartes de velhos LPs, sentindo o perfume infindo das palavras, devorando o mundo com os olhos e ouvidos, tateando o passado com os dedos empoeirados, caminhando encantado entre os livros das bibliotecas, lambendo a língua portuguesa onde quer que ela estivesse. Encontrou na escrita o seu veneno mais sadio, veneno que consome e destila. Cresceu, formou-se em prótese odontológica, profissão que em 2004 o levou a Roraima. O contato com a efervescente cultura amazônica lhe ampliou horizontes e fez nascer o anseio de tornar pública sua arte. Figurou três vezes entre os premiados do Concurso Sesi de Poesia, alcançando o 1º lugar em outubro de 2005, com o poema “Crepúsculo”. Desde então tem seus poemas divulgados em redes de rádio e televisão locais. Sua declarada paixão pela arte, em todas as suas formas, o fez participar mais ativamente da cena cultural boa-vistense. Integrante da recém criada Associação Cultural Clã Caboclo, Rodrigo Mebs se auto-define: “sou uma araucária curtindo uma de caimbé!” Atualmente reside em Florianópolis-SC

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Fruta Farta



Algumas Poesias de Rodrigo Mebs:

ao nascer do azul

eterno
é o belo
que ao amanhecer
falece

delicado
e sem doer.

na cor
do sol materno
amar é elo
em outro ser,

um seio
em flor
entre o azul
e o porquê.


amorTecido

NU em pêlo visto,
quando não apenas despido,
mas, quase reparido,
viria ao mundo
e ao mundo veria noutro menino.
se eu te fosse íntimo como um vestido,
sobrepeles, um tecido de sentidos,
todo o ar tornaria-se gozo!
no sentido mais perigoso.


fruta farta

néctar de um pomar , amor de amora,
frutos das árvores genealógicas
gerando flores e mulheres, pela aurora
e pela flora no rumo dos ramos. como
na ruma das rimas, das obras primas
e tias e sobrinhas, impressas nos genes,
expressas nos gênesis destas tantas
frutas santas, destas glórias e cecílias
e alices e clarices tão suaves e míticas
e mitológicas ou muito lógicas e líricas.
singelas rosas, nocivas cobras e harpias
estrelas brilhantes anteriores ao haja luz
de venenos de língua através das raízes
e antídotos de vozes por outras ruizes.
eu te digo ame a todas, coma a carne
lambuzando os lábios. apalpe o poema
sugue o sumo pelo prumo, dilacere a polpa
mas poupe a fruta, a fruta farta, a poesia!

3 comentários:

Rafael Walter disse...

textos de consistência!!

parabéns anrea pelo blog

saudades de seu companheiro de oficina


Rafael Walter

rodrigo mebs disse...

lisonjeado! parabéns pelo espaço!
"Poesia é algo comum, é tão natural quanto a chuva. Muito embora seja raro o ser que pode compreendê-la em toda a sua plenitude. Poetas, são poucos e os poucos que são, já são muito! Abração, Andréa!!!

Ricardo Mainieri disse...

Muito bom, esse rapaz, Andréa.
Acho que lembro dele de algum livro das coletâneas de Bento Gonçalves.
O primeiro poema, em seu teor minimalista, foi o que mais me chamou a atenção.

Beijão.

Ricardo Mainieri