quinta-feira, 16 de abril de 2009

Lucy Salete Bortolini Nazaro - Recebe Homenagem da Câmara Municipal de Palmas



No último dia 06 de abril do corrente, as autoras da Letra do Hino Oficial de Palmas receberam homenagens da Câmara Municipal. A poetisa Lucy Salete Bortolini Nazaro, uma das homenageadas, deixa aos leitores o registro de seus agradecimentos no Portal CEN. Para ler basta acessar o seguinte endereço:
http://www.caestamosnos.org/Homenagem/Lucy_Nazaro.html

Um comentário:

LEIA SILAS Literatura Contemporânea disse...

O Riso da Noite Escura – Crônicas de Lucy

“Sê como o sândalo
que perfuma o machado
que o corta...”

(Provérbio de Salomão)


-“E Deus fez o homem, o Seu primeiro rascunho para o que queria como a Sua imagem e semelhança visando um futuro Ser Humano perfeito. Depois fez a mulher e viu que o que criara - a tal Ente número dois (a fêmea! A fêmea!) - era perfeita e muito bem acabada; tinha candeia de sorrisos e arco-íris de lágrimas. Então se deu por satisfeito. Claro que depois disso acabou o silêncio no Éden, acabou a moleza na vida, pois a mulher foi pondo as páginas de rostos nos devidos lugares, o seu mavioso olhar de açúcar-cristal sobre todas as coisas, nominando e dando e símbolos e titulações, ficando o mundo melhor, a vida maravilhosamente maior, a própria existência santificada pela ternura feminina.”

Texto apócrifo? Longe de mim. Tentemos de novo.

“Dentro da noite escura, o choro de uma criança recém-nascida feito modinha de clarinete, fruto e bem-aventurança da mulher, a alma da civilização. O berço infinital da natureza, Deus confiou à mulher para representá-lo nesse milagre do livro da vida ”.

Melhorou. Que misturança, hein? Pois foi tudo isso que me veio à mente, de supetão, vá lá, que seja, quando comecei a ler o inédito livro de crônicas da amiga Lucy e aí dei nesse despojo assim, feito retorno de apurada sensibilidade, apreciando assim também, claro, literatura contemporânea de boa lavra, por assim também dizer.

-Suas narrativas têm crônicas, contos-causos, opiniões, gracezas, artigos, críticas, embalos literários, memórias, louvações, tudo a ler, portanto, pondo sim, um riso dentro da noite escura, um solo de contemplação nalgum pertencimento da gente, como se um girassol encantado nascendo por sobre os escombros da janela de uma alma perdida numa luta dura, num mundo atribulado, numa rotina cruel, num cotidiano sacrificante para quem ainda tem a alma avelã e, entre lobos urbanos tem que se parecer com um ser humanus, e, convenhamos, o quanto isso dói para um guri que também é do interior, migrante sonhador aqui nessa Sampa que, sim, ‘Ergue e destrói coisas belas”. Caetanear, por que não?

-Lucy tem esse olhar de mãe do interior, compondo ritmos e tricôs de contações, e assim mesmo que muito viajada ela acentua cunho filosofal às coisas, pessoas e acontecências pelo próprio âmago delas, pensando o ser essencialmente ético. Tem olhar de irmã no companheirismo singular, quer pela solidariedade com a dor do próximo carente, o brasileirinho, quer por saber de moinhos e ventos, cantagonias e barulhanças urbanas. Tece seu olhar magnífico de filha que, alma pura, com consciência e envolvimento com buscas tem a sua benção para pôr sim, todos os pingos nos is de tantos temas abrangentes.

Diletante, ela narra a poesia da vida mesmo em prosa lírica, diz de livros, desencantos, vivências, paisagens humanizadas, e aplica o seu especial empate de uma lupa mágica nas narrativas, quando não se colocando na pele do outro, do carecido, como um binóculo ao contrário, enternurando manhãs, movimentos, horizontes, disparates, silos e bravatas, dando então o seu colorido todo próprio no enfocar os andaimes e tapumes da vida com raro talento. Palmas pra ela!

-Lucy tem suporte cultural também, tem bagagem Crístico no espírito, voando nas palavras de alguma maneira especial, com suas quimeras e até aproveitando certas quireras de apreciações para resgate das pensagens em trânsito, mais uma crítica altamente humanista, certamente escrituras & testamentos de quilate, possivelmente alguma metáfora além de semear lentilhas com lágrimas e contentezas nesse desvairado limiar de século.

-Lucy é isso: polivalente e eclética. Além de seu sorriso feito picumã dependurado na revisitança lembrancial da gente; além de seus olhos que parecem ter pedaços de jazidas do céu; além de sua persona que encanta, apazigua, cativa, orna, serve-se e se derrete toda num companheirismo de soma, ela ainda escreve, gente!, escreve sobre (a) gente e, diga-se de passagem, escreve muito bem e gostoso de ser ler. Tem cabimento?

Será o impossível?

Fala de margens, transgressões, mimos, coragens. Criar é transgredir? Ser escritora é a sua maior rebeldia. Deve ser isso. Em prosa e verso, nessa espécie de aleluias de palavras, ela põe vinco num tópico, brilha numa temática extremamente contemporânea, incendeia virtudes celestiais, pincela granizos transparentes, afinal, muito bem sabe que ainda não inventaram botox para a alma, até porque somos todos páginas abertas para a graça de Deus

“O Riso da Noite Escura” é uma lanterna que, em prosa, toca o ser humano que gosta de uma leitura salutar, inspiradora.

Deve ser por isso que ela, sempre rodeada de palavras, com seu almanaque de vivências em mosaicos de tantas relações humanas, sai-se bem também com seus amigos-irmãos, seus colegas-educadores (plantadores de sonhos), com seus parceiros pensadores (e por isso talvez pescadores de pérolas) com seus alunos-canteiros de esperanças, com seu mistér afeto à educação, pois, afinal, a melhor pedagogia é o exemplo e ela, com mais essa obra, sorri dentro da alma receptora de quem está aberto para conhecer coisas belas.

Beleza rara. Beleza pura.

-0-

Silas Corrêa Leite, Poeta, Educador, Jornalista Comunitário

Pós-graduado em Educação, Literatura e Direitos Humanos (ECA/USP)
E-mail:
poesilas@terra.com.br
Site pessoal:
www.itarare.com.br/silas.htm
Autor do e-book O RINOCERONTE DE CLARICE
www.itarare.com.br
Blogue premiado do UOL
www.portas-lapsos.zip.net
Livro O HOMEM QUE VIROU CERVEJA, Giz Editorial, no prelo, Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador, Bahia, 2009


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