Homero Gomes (Curitiba/PR, 1978). Escritor. Foi finalista do Prêmio SESC de Literatura, edição de 2007. Possui publicações nos periódicos: Rascunho, Cult e Ficções.

Poeira negra e veneno no ar.
O mundo continua após tudo,
mesmo que nada.
Pilhas de corpos,
seres sem metafísica,
para o passeio, entre sangue e vísceras,
do oculto na neblina da história.
O ausente ainda olha um mundo infectado.
E dele não ri.
É o sorriso apagado no muro das cidades;
o que foi
e que se perde a cada feto que brota.
Retirado à força,
embalou o espírito na necrose do outro.
Mas o outro não importa;
somente o que se foi.
Chega de vermes e de vísceras.
O sangue que escorre da gengiva
chora o que foi arrancado da inércia.
O ausente apenas sabe,
não chora o sangue ingerido,
que rega de espinhos o ventre do outro.
Apenas sabe.
Sangrado feito lixo,
ainda olha a sua ausência.
Ele sabe.
Em um mundo infectado, resta apenas sua marca.
Conheça mais sobre o trabalho de Homero no Germina Literatura, clicando AQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário