O mais tradicional prêmio da literatura brasileira, o Jabuti, anunciou para sua 53ª edição as maiores mudanças de sua história. Em vez de premiar os três primeiros colocados em cada categoria, a premiação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) passa eleger apenas um vencedor. Apenas o primeiro lugar receberá uma estatueta e poderá concorrer aos prêmios máximos de livro do ano de ficção e não-ficção. O número de categorias foi ampliado, passa de 21 para 29. Já o valor dos prêmios em dinheiro continua o mesmo: o vencedor de cada categoria recebe R$ 3 mil, enquanto os dois livros do ano ganham R$ 30 mil cada.
- São as mais significativas mudanças da história do prêmio - declarou Karine Pansa, presidente da CBL, que evitou falar de maneira direta sobre o boicote anunciado pelo Grupo Editorial Record, um dos maiores do Brasil, após a premiação de 2010 em protesto contra a escolha de "Leite derramado" (Cia das Letras), de Chico Buarque, como livro do ano de ficção, embora na categoria romance romance ele tivesse ficado em segundo lugar, atrás de "Se eu fechar os olhos agora", de Edney Silvestre, publicado pela Record. - [O boicote] gerou uma discussão democrática que beneficiou o prêmio - afirmou Karine.
" Com essas novas regras Chico Buarque não ganharia livro do ano em 2010, certo? Percebo que estava com a razão. Fui muito criticado por protestar contra o formato do prêmio. Prevaleceu o bom senso. Volto a concorrer "
Os protestos da Record resultaram na formação de uma comissão composta por 12 integrantes do mercado editorial e 20 membros da CBL para repensar o regulamento do Jabuti, chegando ao novo formato anunciado na véspera do início das inscrições para a edição de 2011 do Jabuti, para a qual podem concorrer obras inéditas editadas no Brasil entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2010. O novo regulamento foi apresentado na manhã desta terça-feira por Karine Pansa, e pelo curador da premiação, José Luiz Goldfarb. Satisfeito com as mudanças, o presidente do Grupo Record, Sergio Machado, em entrevista ao GLOBO, anunciou que desiste do boicote e concorre ao prêmio de 2011.
- Com essas novas regras Chico Buarque não ganharia livro do ano em 2010, certo? Percebo que estava com a razão. Fui muito criticado por protestar contra o formato do prêmio. Prevaleceu o bom senso. Volto a concorrer - disse Machado, contando que foi convidado pela CBL a fazer parte da comissão, mas declinou. - Como fui eu quem provocou a discussão, achei que não deveria participar. Quis deixar os integrantes da comissão livres e à vontade. As mudanças tornam o Jabuti mais transparente. Estou muito feliz com o resultado e percebo o quanto minha manifestação foi necessária para desencadear estas transformações.
Em 2010, a Record inscreveu no Jabuti 108 títulos, o que corresponde a um aporte financeiro de cerca US$ 10 mil. As inscrições para o prêmio são pagas. Em 2011, o valor por título para associados da CBL é de R$ 180 e para não sócios, de R$ 275. Neste ano, Machado espera inscrever um número igual ou maior de obras. No total, em 2010, foram inscritos no Jabuti 2.867 livros. A expectativa da CBL é ultrapassar a marca de 3.000 inscritos em 2011.
Curador do Jabuti há 21 anos, José Luiz Goldfarb, comemorou as mudanças. Disse que premiar somente o primeiro lugar de cada categoria era "um sonho antigo".
- A mudança valoriza o vencedor, assim como toda a cadeia produtiva - respondeu.
Questionado sobre a manutenção no valor financeiro do prêmio, num momento no qual prêmios maiores em dinheiro como o Portugal Telecom e o Prêmio São Paulo de Literatura ganham espaço, Goldfarb afirmou acreditar que a importância do Jabuti não está no dinheiro.
- A estratégia do Jabuti não tem a ver com seu valor financeiro, e sim com sua tradição e respeito - explicou Goldfarb.
Para a edição 2011, cujas inscrições ficam abertas até 31 de maio, foram criadas as categorias ilustração; gastronomia; turismo e hotelaria. A categoria arquitetura, urbanismo, artes e comunicação foi desmembrada em três: arquitetura e urbanismo; artes; comunicação. Ciências exatas, tecnologia e informática, foi desmembrada em duas categorias: ciências exatas; tecnologia e informática. O mesmo aconteceu com ciências naturais e da saúde, e com psicologia, psicanálise e educação, a última separada das duas anteriores e agora com status de categoria.
Podem concorrer a livro do ano de ficção, cuja votação é feita pelo mercado editorial,para quem são distribuídas 1.500 cédulas, os primeiros lugares das seguintes cinco categorias: romance, poesia, contos e crônicas, infantil, juvenil. Já como livro do ano de não-ficção, concorrem as categorias teoria e crítica literária; reportagem; ciências exatas; tecnologia e informática; economia; administração e negócios; direito; biografia; ciências naturais; ciências da saúde; ciências humanas; didático e paradidático; educação; psicologia e psicanálise; arquitetura e urbanismo; fotografia; comunicação; artes; turismo e hotelaria; gastronomia.
Os dez finalistas de cada uma das 29 categorias do Jabuti serão anunciados em 13 de setembro. Em 18 de outubro, a CBL apresenta ao público os vencedores de cada categoria. Em 30 de novembro, numa cerimônia na Sala São Paulo, serão premiados os ganhadores e anunciados os livros do ano de ficção e não ficção. (por Marcia Abos)
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