OITENTA ANOS DO MESTRE!
Por José Ouverney
06 de novembro de 2012 é uma data mais do que especial, porque marca os
oitenta anos de vida de Izo Goldman. Torna-se impossível, no Brasil, falarmos de
trova sem associarmos a imagem do Mestre Izo. Como autor, esplêndido! Como
trabalhador pela Trova, indescritível!
Figura contestada por muitos? Sim! E ele sabe disso, mais do que qualquer um.
Porque seu estilo é único. Intransigente a respeito do que considera o melhor
para a UBT e a Trova, esse seu jeito polêmico já lhe valeu muitas quizílias. Por
outro lado, é idolatrado por outra parte de trovadores que veem nele um “Papa da
Trova”.
As histórias sobre ele são muitas. Uma delas eu presenciei. Foi em um dos
últimos Jogos Florais realizados em Amparo/SP, sob a coordenação da poeta Eliana
Dagmar. Izo perguntou-lhe: “Eliana, vai ter palestra em trovas?” Eliana
respondeu que não, pois não houvera tempo hábil para preparar uma. Izo sugeriu:
“Se quiser, posso apresentar a palestra pra você”. Ao que ela retrucou,
perguntando qual seria o tema. Resposta do Izo: “O tema que você quiser. Basta
escolher”.
À noite, durante a solenidade, ele apresentou uma belíssima palestra em
trovas (uma de suas marcas registradas), de improviso, fazendo uso de sua
prodigiosa memória para enriquecer a apresentação com trabalhos de autores os
mais diversos, cada qual mais primoroso que o outro. Resumo: a apresentação foi
tão bem sucedida que a direção da Unimed Amparo (que patrocinava o evento)
convidou-o a voltar, semanas depois, à cidade, para proferir outra palestra, aos
membros da instituição.
Mas… quem é Izo Goldman, afinal?
IZO GOLDMAN, filho de Alberto e Esperança, nascido em Porto Alegre em 06 de
novembro de 1932, está na Trova desde 1972, levado por Magdalena Léa, em
Niterói. Em 1976 transferiu-se para a capital paulista, onde reativou a Seção da
UBT/SP e criou o tradicional “Boletim Informativo”. “Magnífico Trovador” por
Nova Friburgo, “Notável Trovador” por Pouso Alegre, também já foi presidente
estadual da UBT São Paulo, e Secretário da UBT Nacional, entre outros cargos.
Padrinho de fundação da UBT, seção de Pindamonhangaba, a cujos festejos tem
comparecido quase todos os anos. Lançou em 2008 o livro “Trovas de quem ama a
Trova”, cujo título, por si, é o cartão de apresentação do autor.
Amado por uns, odiado por outros, pouco importa: seu estilo contundente é
inconfundível, em defesa daquela que é sua maior paixão na vida: a TROVA!
Juntamente com os cumprimentos deste colunista, transcrevemos, abaixo, para
deleite dos leitores, algumas de suas obras-primas:
A vida pôs, por maldade,
tanta distância entre nós,
que, quando eu
canto, é a saudade
que faz a segunda voz…
A esperança é uma resposta
com malícia de mulher:
– Sabendo o que a
gente gosta,
promete o que a gente quer…
Para mantê-los me empenho,
porque penso sempre assim:
tendo os amigos
que tenho,
eu nem preciso de mim!
Ele trouxe ao seu rebanho
muito amor e muita luz.
Barqueiro de um barco
estranho
Talhado em forma de cruz!
Neste mundo que se exprime
através de mãos armadas,
chega a parecer que
é crime
a gente andar de mãos dadas!!!
Publicado originalmente no site Falando de Trova
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