sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Relembrando Vasco José Taborda Ribas

Em 1978, Vasco José Taborda Ribas, escreveu na orelha do livro livro "INFINITO... O RUMO DE UM POETA", de Nicolau Abicalaf Néto, a Dança dos Tangarás.Cujo texto segue abaixo:

A DANÇA DOS TANGARÁS

Quando penso nos escritores novos, lembro-me do nosso tempo, quando no antigo ginásio escrevíamos para O Fanal, o nosso jornalzinho. Lá os pássaros cantores e bailarinos, começaram um profissionalismo incipiente e uma carreira literária que mal sabíamos se prolongaria tanto como está acontecendo.

Hoje, não somos nós os tangarás das letras, são os jovens ansiosos, por espaços em jornais e revistas, onde darão sinal de sua vibração e desejo de dizer que existem, que lutam, que amam, que dizem palavrões, e são vestibas, e logo se formam (a minoria, pena!) e caem nesse mundão perigoso e cheio de ciladas e horas sem encanto.
Mas ser moço é um prêmio de loteria esportiva.

Escrever bem e cada vez melhor, um prêmio na corrida cultural. A redação está pondo em brio essa mocidade pujante – meninas e rapazes brinificados nos indumentos – a fumarem até maconha, a discutirem política, economia, planejamentos, petróleo, energia atômica e solar, enfim um “balaio de bugre” de utilidades quase sempre inúteis.

Um tangará, lírico e apaixonado brilha neste livro. Nem sempre pode dançar certo, há problemas de experiência, mas dança e com ardor. Ama as belas letras (os marginais, delas, desamam-nas) estuda, se esforça por filosofar sobre a vida e sobre as vicissitudes do amor, como se fosse um cavaleiro templário a lutar pelo Reio, por Deus e pela sua Dama.

A estrada é longa e os galhos das árvores são altos. Nem sempre os pássaros os alcançam na primeira investida. Chegam a eles ao seu tempo. Nicolau Abicalaf Neto é um deles, a quem damos um viva, ô ! pela coragem de se vir enredar nas letras difíceis e sonoras com o seu canto de sereia.

Nicolau, amigo, agarre-se ao seu santo patrono, e cante até não poder mais, a arte é longa mas é bela, enleva e faz sofrer.

Vasco José Taborda
da Academia Paranaense de Letras

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