sábado, 9 de outubro de 2010

Homenagem a Helena Kolody - Dia da Poesia Curitibana

12 de Outubro - Dia da Poesia Curitibana.
Por proposta do Centro Paranaense Feminino de Cultura foi elaborada A Lei 14.821/2005 de autoria do Deputado Hermas Brandão instituindo 12 de Outubro como Dia Da Poesia Curitibana.

DIA DA POESIA CURITIBANA
LEI Nº 11.515, de 19 de setembro de 2005
DECLARA O DIA 12 DE OUTUBRO COMO DIA DA POESIA CURITIBANA.

A CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA, CAPITAL DO ESTADO DO PARANÁ, aprovou e eu, Prefeito Municipal, sanciono a seguinte lei:

Art. 1º Fica criado e declarado o dia 12 de outubro de cada ano como o Dia da Poesia Curitibana, em homenagem ao nascimento da grande poetisa Helena Kolody.

Parágrafo Único. A honraria deverá ser apresentada até 30 de junho de cada ano e será em número de 01(uma) por Vereador a cada Sessão Legislativa.

Art. 2º A data será comemorada anualmente, em sessão solene dessa Câmara Municipal, especificamente convocada para o ato.

I - Fará parte dessa solenidade a oferta de diploma oficial desta Câmara aos poetas laureados.

II - Cada Vereador poderá encaminhar a indicação do nome de uma pessoa física ou entidade de reconhecida participação e fomento cultural literário em poesia, em atividade nesta capital, para ser laureado com o diploma oficial supra mencionado. Como atividade literária considere-se a publicação, preferencialmente em Curitiba, de obra poética pelos meios de comunicação tradicionais e eletrônicos, bem como a apresentação oral pública dos mesmos.


III - Caberá à Comissão da Casa competente a análise e aprovação dos nomes, que serão por fim encaminhados para aprovação pelo douto plenário.

Parágrafo Único. A data da sessão solene comemorativa deverá ser marcada preferencialmente para o dia 12 de outubro de cada ano.

Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO, 29 DE MARÇO, em 19 de setembro de 2005.
LUCIANO DUCCI
Prefeito Municipal em Exercício


Helena Kolody. (Cruz Machado, 12 de outubro de 1912 — Curitiba, 15 de fevereiro de 2004).
Consagrada poetisa do Paraná, inaugurou em 1941 a série de mulheres haicaístas do país. Dona de uma enorme coleção de adjetivos-virtudes, palavras-emblemas, atribuídos a ela pelo povo paranaense, Helena deixou uma obra, que na qualidade lembra outra grande poeta: Cecília Meirelles. O amor que ela conquistou pelos poemas, pelos livros, juntou-se à lira de sua poesia feita de canções à vida, da solidariedade, da natureza e a inquietude da condição humana. Pode-se brincar dizendo que as letras iniciais do nome da poeta, HK, são as mesmas de quando se grafa hai-kai, como ela o fazia.(José Marins)

Biografia
Seus pais foram imigrantes ucranianos que se conheceram no Brasil. Helena passou parte da infância na cidade de Rio Negro, onde fez o curso primário. Estudou piano, pintura e, aos doze anos, fez seus primeiros versos. Seu primeiro poema publicado foi A Lágrima, aos 16 anos de idade, e a divulgação de seus trabalhos, na época, era através da revista Marinha, de Paranaguá.

Aos 20 anos, Helena iniciou a carreira de professora do Ensino Médio e inspetora de escola pública. Lecionou no Instituto de Educação de Curitiba por 23 anos. Helena Kolody, segundo o que consta em seu livro Viagem no Espelho, foi professora da Escola de Professores da cidade de Jacarezinho, onde lecionou por vários anos.
Seu primeiro livro, publicado em 1941, foi Paisagem Interior, dedicado a seu pai, Miguel Kolody, que faleceu dois meses antes da publicação.

Helena se tornou uma das poetisas mais importantes do Paraná, e praticava principalmente o haicai, que é uma forma poética de origem japonesa, cuja característica é a concisão, ou seja, a arte de dizer o máximo com o mínimo. Foi a primeira mulher a publicar haicais no Brasil, em 1941. Foi admirada por poetas como Carlos Drummond de Andrade e Paulo Leminski, sendo que, com esse último, teve uma grande relação de amizade pessoal e literária.

Obras
Paisagem Interior (1941)
Música Submersa (1945)
A Sombra no Rio (1951)
Poesias Completas (1962)
Vida Breve (1965)
Era Espacial e Trilha Sonora (1966)
Antologia Poética (1967)
Tempo (1970)
Correnteza (1977, seleção de poemas publicados até esta data)
Infinito Presente (1980)
Poesias Escolhidas (1983, traduções de seus poemas para o ucraniano)
Sempre Palavra (1985)
Poesia Mínima (1986)
Viagem no Espelho (1988, reunião de vários livros já publicados)
Ontem, Agora (1991)
Reika (1993)
Sempre Poesia (1994, antologia poética)
Caixinha de Música (1996)
Luz Infinita (1997, edição bilíngüe).
Sinfonia da Vida (1997, antologia poética com depoimentos da poetisa)
Helena Kolody por Helena Kolody (1997, CD gravado para a coleção Poesia Falada)
Poemas do Amor Impossível (2002, antologia poética)
Memórias de Nhá Mariquinha (2002, obra em prosa)

Prêmios e homenagens
1985 - Recebe o "Diploma de Mérito Literário da Prefeitura de Curitiba".
1987 - Recebe o título de "Cidadã Honorária de Curitiba".
1988 - Criação do "Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody", realizado anualmente pela Secretaria da Cultura do Paraná, em sua homenagem.
1989 - Gravação e publicação de seu depoimento para o Museu da Imagem e do Som do Paraná.
1991 - Eleita para a Academia Paranaense de Letras.
1992 - O filme A Babel de Luz, do cineasta Sylvio Back, homenageia os 80 anos da poetisa, tendo recebido o prêmio de melhor curta-metragem e melhor montagem, do 25° Festival de Brasília.
2002 - Exposição em homenagem aos 90 anos da poetisa, na Biblioteca Pública do Paraná.
2003 - Recebe o título de "Doutora Honoris Causa" pela Universidade Federal do Paraná.


A Poesia de Helena:

Sonhar

Sonhar é transportar-se em asas de ouro e aço
Aos páramos azuis da luz e da harmonia;
É ambicionar o céu; é dominar o espaço,
Num vôo poderoso e audaz da fantasia.

Fugir ao mundo vil, tão vil que, sem cansaço,
Engana, e menospreza, e zomba, e calunia;
Encastelar-se, enfim, no deslumbrante paço
De um sonho puro e bom, de paz e de alegria.

É ver no lago um mar, nas nuvens um castelo,
Na luz de um pirilampo um sol pequeno e belo;
É alçar, constantemente, o olhar ao céu profundo.

Sonhar é ter um grande ideal na inglória lida:
Tão grande que não cabe inteiro nesta vida,
Tão puro que não vive em plagas deste mundo.

*
ANTES

Antes que desça a noite,
imprimir na retina
os rostos amados,
o sol
as cores,
o céu de outono
e os jardins da primavera.

Inundar de sons
de vozes
e de música eterna
os ouvidos
antes que os atinja
a maré do silêncio.

Conquistar
os pontos culminantes
da vida,
antes que se esgote
o prazo de permanência
em seu território sagrado.


*
FIM DE JORNADA

Caminhar ao encontro da noite.
Como o camponês regressa ao lar.
Após um longo dia de verão.

Sem pressa ou cuidado.
Na tarde ouro e cinza.
Sozinho entre os campos lavrados.
E as colinas distantes.

Caminhar, ao encontro da noite.
Sem pressa ou cuidado.
A noite é somente uma pausa de sombra.
Entre um dia e outro dia.


Alguns Haicais de Helena

Último

Vôo solitário
na fímbria da noite
em busca do pouso distante.

*
Aplauso

Corrida no parque
O menino inválido
Aplaude os atletas.

*
Alegria

Trêmula gota de orvalho
presa na teia de aranha,
rebrilhando como estrela.

*
Flecha de sol

A flecha de sol
pinta estrelas na vidraça.
Despede-se o dia.

*
Ipês floridos

Festa das lanternas!
Os ipês se iluminaram
de globos de cor-de-ouro.

*
Qual?

Damos nomes aos astros...
Qual será nosso nome
nas estrelas distantes?

*
Poesia mínima

Pintou estrelas no muro
e teve o céu
ao alcance das mãos.

*
Manhã

Nas flores do cardo,
leve poeira de orvalho.
Manhã no deserto.

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