O prêmio Nobel de literatura de 2010, divulgado nesta quinta-feira (7) às 8h (horário de Brasília), foi para o escritor peruano Mario Vargas Llosa, de 74 anos.
De acordo com a Academia Sueca, a escolha seu deu por conta da "cartografia das estruturas do poder e afiadas imagens de resistência, rebelião e derrota do indivíduo" que aparecem na obra de Llosa.
Peter Englund, presidente do júri de literatura do Nobel, afirmou que Vargas Llosa se disse "muito comovido e entusiasmado" ao saber do prêmio. O escritor, que está em Nova York, onde é professor visitante na Universidade de Princeton, contou a Englund que "tinha levantado às cinco da manhã para dar uma aula" e que quando recebeu a notícia já "trabalhava intensamente". Llosa receberá um prêmio no valor de 10 milhões de coroas suecas (1,5 milhão de dólares). A cerimônia de premiação está marcada para o dia 10 de dezembro de 2010.
Autor de romances marcados por questões políticas da América Latina - e não raro autobiográficas -, como "A cidade e os cachorros", "Pantaleão e as visitadoras", "A festa do bode" e "Travessuras da menina má", Llosa já havia vencido, entre outros, o Prêmio Cervantes, o mais importante da literatura em língua espanhola, em 1994. O Brasil costuma ser tema de seus textos, sejam ensaios políticos ou romances, como em "A guerra do fim do mundo", de 1981, inspirado na Guerra de Canudos.
Pensou que era trote:Em declaração à rádio colombiana RCN nesta quinta, o escritor peruano afirmou que se surpreendeu com a escolha e disse que o prêmio é "um reconhecimento" à literatura latino-americana e em língua espanhola.
"Não pensava que estaria nem entre os candidatos", brincou o autor. "Por mim, vou seguir trabalhando com um sentimento de responsabilidade, como sempre fiz. Defendendo coisas que são fundamentais para o Peru, para a América Latina e o mundo. A liberdade e a democracia são o verdadeiro caminho do progresso, da verdadeira civilização, que acredito que seja o papel de um escritor defender", comentou Llosa à rádio.
Mais tarde, falando à rádio peruana RPP, contou que, em um primeiro momento, chegou a pensar que a ligação com a notícia do Nobel "era uma brincadeira". "Vou me olhar no espelho e vou enrubescer", acrescentou o escritor quando lhe leram, de Lima, a descrição feita pelo comitê sobre sua obra. "Tenho vontade de ir caminhar porque estou meio perplexo", gargalhou.
Em mais de um século de existência do prêmio, Mario Vargas Llosa é apenas o sexto escritor latino-americano a receber um Nobel. Antes dele, foram premiados a escritora chilena Gabriela Mistral (1945), o guatemalteco Miguel Ángel Asturias (1967), o também chileno Pablo Neruda (1971), o colombiano Gabriel García Márquez (1982) e o mexicano Octavio Paz (1990).
O autor estará no Brasil na próxima quinta-feira (14/10), participando do evento Fronteiras do Pensamento, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.
Nascido em Arequipa, em 28 de março de 1936, Jorge Mario Pedro Vargas Llosa se formou em Letras e Direito pela Universidade Nacional Maior de São Marcos, em Lima. Antes de se tornar escritor, trabalhou como redator de notícias na extinta Rádio Central, funcionário de biblioteca e até revisor de nomes de túmulos de cemitério, segundo biografia em seu site oficial. Em 1959, ganhou uma bolsa de estudos e parte para uma temporada na Europa, onde se tornou doutor em Filosofia e Letras pela Universidade de Madri, publicou seu primeiro livro, a coletânea de contos "Os chefes" (1959), e escreveu uma peça de teatro, "La huída del Inca". No mesmo ano, Llosa casou-se com a sua tia, Julia Urquidi, que era 15 anos mais velha. A experiência inspirou o livro "Tia Julia e o escrevinhador", que seria lançado em 1977. O casamento durou cinco anos e, depois do seu fracasso, casou-se com uma prima, Patricia. Regressou em 1964 ao Peru e daí em diante voltaria a passar temporadas em diversos países, incluindo Cuba, Grécia, França, Inglaterra e Espanha - de onde recebeu oficialmente a cidadania em 1993. Conhecido por suas posições políticas consideradas de direita, Llosa se engajou no Movimento Liberdade peruano em 1987, que se opunha ao programa de estatização do então presidente Alan García Pérez.
Informado sobre a vitória no Nobel de seu antigo desafeto, García - que voltou à Presidência do Peru em 2006 - afirmou que o prêmio é "uma honra e um grande dia para o Peru". "Vargas Llosa é um extraordinário criador da linguagem, um grande romancista, um grande dramaturgo que tem incursionado em todos os cantos da criação", completou.
Além dos políticos do Peru, o escritor costuma disparar críticas contra líderes latino-americanos como Fidel Castro - de quem já foi próximo -, Hugo Chávez, Álvaro Uribe e Lula.
Em 1990, lançou-se candidato à presidência do Peru pelo partido Frente Democrática-Fredemo, mas foi derrotado por Alberto Fujimori. Sua experiência na campanha foi relatada no livro de memórias "Peixe na água", lançado em 1993.
O prêmio é escolhido pelos membros da academia sueca e dá um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, algo como R$ 3 milhões, entregue em dezembro. Durante o processo, os membros da academia enviam convites para centenas pessoas ligadas a literatura, como professores e escritores do mundo, para chegar aos candidatos.
"A liberdade e a democracia são o verdadeiro caminho do progresso, que acredito que seja o papel de um escritor defender" Vargas Llosa em entrevista à rádio RCN
Fonte: Globo.com
De acordo com a Academia Sueca, a escolha seu deu por conta da "cartografia das estruturas do poder e afiadas imagens de resistência, rebelião e derrota do indivíduo" que aparecem na obra de Llosa.
Peter Englund, presidente do júri de literatura do Nobel, afirmou que Vargas Llosa se disse "muito comovido e entusiasmado" ao saber do prêmio. O escritor, que está em Nova York, onde é professor visitante na Universidade de Princeton, contou a Englund que "tinha levantado às cinco da manhã para dar uma aula" e que quando recebeu a notícia já "trabalhava intensamente". Llosa receberá um prêmio no valor de 10 milhões de coroas suecas (1,5 milhão de dólares). A cerimônia de premiação está marcada para o dia 10 de dezembro de 2010.
Autor de romances marcados por questões políticas da América Latina - e não raro autobiográficas -, como "A cidade e os cachorros", "Pantaleão e as visitadoras", "A festa do bode" e "Travessuras da menina má", Llosa já havia vencido, entre outros, o Prêmio Cervantes, o mais importante da literatura em língua espanhola, em 1994. O Brasil costuma ser tema de seus textos, sejam ensaios políticos ou romances, como em "A guerra do fim do mundo", de 1981, inspirado na Guerra de Canudos.
Pensou que era trote:Em declaração à rádio colombiana RCN nesta quinta, o escritor peruano afirmou que se surpreendeu com a escolha e disse que o prêmio é "um reconhecimento" à literatura latino-americana e em língua espanhola.
"Não pensava que estaria nem entre os candidatos", brincou o autor. "Por mim, vou seguir trabalhando com um sentimento de responsabilidade, como sempre fiz. Defendendo coisas que são fundamentais para o Peru, para a América Latina e o mundo. A liberdade e a democracia são o verdadeiro caminho do progresso, da verdadeira civilização, que acredito que seja o papel de um escritor defender", comentou Llosa à rádio.
Mais tarde, falando à rádio peruana RPP, contou que, em um primeiro momento, chegou a pensar que a ligação com a notícia do Nobel "era uma brincadeira". "Vou me olhar no espelho e vou enrubescer", acrescentou o escritor quando lhe leram, de Lima, a descrição feita pelo comitê sobre sua obra. "Tenho vontade de ir caminhar porque estou meio perplexo", gargalhou.
Em mais de um século de existência do prêmio, Mario Vargas Llosa é apenas o sexto escritor latino-americano a receber um Nobel. Antes dele, foram premiados a escritora chilena Gabriela Mistral (1945), o guatemalteco Miguel Ángel Asturias (1967), o também chileno Pablo Neruda (1971), o colombiano Gabriel García Márquez (1982) e o mexicano Octavio Paz (1990).
O autor estará no Brasil na próxima quinta-feira (14/10), participando do evento Fronteiras do Pensamento, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.
Nascido em Arequipa, em 28 de março de 1936, Jorge Mario Pedro Vargas Llosa se formou em Letras e Direito pela Universidade Nacional Maior de São Marcos, em Lima. Antes de se tornar escritor, trabalhou como redator de notícias na extinta Rádio Central, funcionário de biblioteca e até revisor de nomes de túmulos de cemitério, segundo biografia em seu site oficial. Em 1959, ganhou uma bolsa de estudos e parte para uma temporada na Europa, onde se tornou doutor em Filosofia e Letras pela Universidade de Madri, publicou seu primeiro livro, a coletânea de contos "Os chefes" (1959), e escreveu uma peça de teatro, "La huída del Inca". No mesmo ano, Llosa casou-se com a sua tia, Julia Urquidi, que era 15 anos mais velha. A experiência inspirou o livro "Tia Julia e o escrevinhador", que seria lançado em 1977. O casamento durou cinco anos e, depois do seu fracasso, casou-se com uma prima, Patricia. Regressou em 1964 ao Peru e daí em diante voltaria a passar temporadas em diversos países, incluindo Cuba, Grécia, França, Inglaterra e Espanha - de onde recebeu oficialmente a cidadania em 1993. Conhecido por suas posições políticas consideradas de direita, Llosa se engajou no Movimento Liberdade peruano em 1987, que se opunha ao programa de estatização do então presidente Alan García Pérez.
Informado sobre a vitória no Nobel de seu antigo desafeto, García - que voltou à Presidência do Peru em 2006 - afirmou que o prêmio é "uma honra e um grande dia para o Peru". "Vargas Llosa é um extraordinário criador da linguagem, um grande romancista, um grande dramaturgo que tem incursionado em todos os cantos da criação", completou.
Além dos políticos do Peru, o escritor costuma disparar críticas contra líderes latino-americanos como Fidel Castro - de quem já foi próximo -, Hugo Chávez, Álvaro Uribe e Lula.
Em 1990, lançou-se candidato à presidência do Peru pelo partido Frente Democrática-Fredemo, mas foi derrotado por Alberto Fujimori. Sua experiência na campanha foi relatada no livro de memórias "Peixe na água", lançado em 1993.
O prêmio é escolhido pelos membros da academia sueca e dá um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, algo como R$ 3 milhões, entregue em dezembro. Durante o processo, os membros da academia enviam convites para centenas pessoas ligadas a literatura, como professores e escritores do mundo, para chegar aos candidatos.
"A liberdade e a democracia são o verdadeiro caminho do progresso, que acredito que seja o papel de um escritor defender" Vargas Llosa em entrevista à rádio RCN
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