terça-feira, 21 de setembro de 2010

Em Destaque: Mariana Coelho

Mariana Coelho, nasceu em Sabrosa, Distrito de Vila Real em Portugal, a 10 de setembro – São diversos os registros biográficos do ano de seu nascimento apontando os anos de 1857, 1858 e 1872.
Filha de Manoel Antonio Ribeiro Coelho e de Maria do Carmo Teixeira Coelho, irmã dos poetas Teixeira Coelho e Thomaz Coelho. Em 1892 fixou residência em Curitiba - Pr. Trabalhou como educadora, fundou e dirigiu o Colégio Santos Dumont, para o sexo feminino, e a Escola Profissional República Argentina, que dirigiu até aposentar-se. Ela faleceu em Curitiba em 1954. Como escritora, circulou pela poesia, livros de contos, de estudos de história da literatura, traduções e artigos em periódicos, sempre com o mesmo cuidado estético e intelectual, ocupou-se ainda com a crítica literária e de outras artes.

Seu livro Paraná mental recebeu a medalha de prata na Exposição Nacional de 1908, no Rio de Janeiro. O "Paraná mental" que trata da história literária do Paraná e apresenta trabalho de catalogação crítica em matéria de teatro, literatura e artes plásticas realizada no Paraná e no início de século XX; É uma reação ao livro "o Brasil mental", editado em 1898 em Portugal, com fins de provar que a antiga colônia não possuía sinais de vida intelectual apreciável. Mariana foi uma defensora aguerrida do feminismo e, segundo Zahidé Muzart, expôs entusiasticamente seu ponto de vista em várias obras, Dando mostras que seu feminismo tinha raízes profundas em seu ideário, dentre as quais “A evolução do feminismo”, obra pioneira no assunto publicado em 1933. Nele, a autora se propôs a fazer, e fez, uma coletânea de informações sobre fatos, dados científicos e pessoas que, de alguma forma, seja com suas ações, produções literárias, projetos de lei e atitudes, puderam subsidiar a defesa da tese feminista, da igualdade intelectual e de direitos entre homens e mulheres, enfim autora buscou, com os meios disponíveis na época, fornecer subsídios para a história do feminismo. E o fez com muito bom humor e estilo

Maria Coelho também é autora das Obras:

• Discurso (1902)
• Um brado de revolta contra a morte violenta (1935) – conferência
• Linguagem (1937) – Tese
• Cambiantes (1940) – Contos e fantasias

Mariana Coelho colaborou em diversos jornais e revistas de Curitiba. Pertenceu a diversas entidades literárias, entre as quais: Centro de Letras do Paraná. É Patrona da cadeira nr. 30 da Academia Paranaense da Poesia, e da Cadeira nr. 28 da Academia Feminina de Letras do Paraná.


Poesias:

Madrigal

Como a luz que atrai, fulmina
Doudejante borboleta,
Esse olhar grande e fascina
Em ondas de luz, inquieta!
Inveja a trágica sina
Do seu amor, borboleta!
(In, Revista Azul, agosto de 1898)


Miragem

Vejo-te, expressiva imagem.
Desde áureos sonhos pueris.
Só tu me infundes coragem.
Me reanimas, me sorris.

Da minha dor na voragem.
Nas minhas mágoas senis.
Vejo-te, ideal miragem.
Envolta em prantos febris!

Tu és a imagem que incute
Nesta alma, onde repercute
A intensa luz desse olhar.

O mais puro sentimento
Que em solene juramento
Te venho aqui consignar.
(In, Um Século de Poesia, Poetisas do Paraná. 1959. Pág. 147)

Íntimo Rebate

Um alvoroço indistinto,
Bem como quando a ilusão
Nos revolta o coração,
Há muito n’alma o pressinto.

Se escuto o alarme que eu sinto
Causar-me funda impressão,
Revela-se o amor, distinto,
Como autor da sedição!

Sondo toda a sua grandeza...
Subtil, como quem perscruta
Desígnios da Natureza!

E receosa...irresoluta...
Vou fugir-lhe! e ele me apresa
E alto grita “A luta! A luta!”
(In, Um Século de Poesia, Poetisas do Paraná. 1959. Pág. 147)

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