Zeca Corrêa Leite possui mais de 30 anos na carreira jornalística. Atuou em diversos veículos de comunicação da capital, em assessorias de imprensa e como colaborador de publicações locais, entre elas a “Veja Paraná”. Dedicando-se com maior ênfase à área cultural há quase 20 anos, teve seu nome associado a essa área do jornalismo. Estreou em literatura ainda nos tempos de estudante com “Asylo de Surdos”, ao lado de Paulo César Venturelli, Edgard Yamagami e Arnaldo César Machado. Integrou o Movimento Sala 17, participou de diversas antologias e publicou “Domingo José Vai à Festa” (contos e crônicas), em 1981, e “Quinhentas Vozes”, em 2001 (poesias). Os poemas de “Quinhentas Vozes” chegaram ao palco nesse mesmo ano através do grupo Sátyros. A peça conquistou o Troféu Gralha Azul em seis categorias, foi apresentada em São Paulo – capital e interior – e Rio de Janeiro. Como letrista Zeca Leite tem parcerias com o compositor e publicitário José Oliva.
Fonte: Londrix
Fonte: Londrix
Palavras
Quero falar de orquídeas, rosas, dálias, margaridas
com a mesma paixão com que se fala do amor, da faca,
da carta recebida no final da manhã,
desarvorando o coração.
Quero o instante mais solene, aquele que deixa a alma
escancarada para a vida,
sentindo perfumes de outono e primaveras,
prenunciando o futuro,
os dias de chuva, filhos que vão nascer.
Sinto a amplidão tomar conta de meu peito
e são tantas as maravilhas, meu Deus,
que mal posso tocar no ar, no silêncio, no brilho da manhã
toda feita de luzes, sombras, telhados, paredes caiadas,
teias de aranha iridescentes.
Tem sempre um pouco de adeus em minhas paixões,
mesmo que estejam ainda em seu início,
tem sempre um resto de dor em meu sorriso
como se um trem me percorresse a alma
e fosse despencar em abismos.
Viver é tecer poemas.
Preciso saber das palavras, dos tons,
das cores, das moradias dos sentimentos.
(Como os poetas fazem versos tão lindos
que tiram de mim o ar que respiro?)
Queria a paz e o perdão, a inauguração de outra hora.
Ah, esse colo ofegante, promessa de um novo dia:
eu, camponesa,
a amassar pão para assar nos fornos incendiados.
Do livro homônio Palavras.Zeca Corrêa Leite
Quero falar de orquídeas, rosas, dálias, margaridas
com a mesma paixão com que se fala do amor, da faca,
da carta recebida no final da manhã,
desarvorando o coração.
Quero o instante mais solene, aquele que deixa a alma
escancarada para a vida,
sentindo perfumes de outono e primaveras,
prenunciando o futuro,
os dias de chuva, filhos que vão nascer.
Sinto a amplidão tomar conta de meu peito
e são tantas as maravilhas, meu Deus,
que mal posso tocar no ar, no silêncio, no brilho da manhã
toda feita de luzes, sombras, telhados, paredes caiadas,
teias de aranha iridescentes.
Tem sempre um pouco de adeus em minhas paixões,
mesmo que estejam ainda em seu início,
tem sempre um resto de dor em meu sorriso
como se um trem me percorresse a alma
e fosse despencar em abismos.
Viver é tecer poemas.
Preciso saber das palavras, dos tons,
das cores, das moradias dos sentimentos.
(Como os poetas fazem versos tão lindos
que tiram de mim o ar que respiro?)
Queria a paz e o perdão, a inauguração de outra hora.
Ah, esse colo ofegante, promessa de um novo dia:
eu, camponesa,
a amassar pão para assar nos fornos incendiados.
Do livro homônio Palavras.Zeca Corrêa Leite
Um comentário:
Lindo Texto,vc sempre escrevendo coisas lindas. Zeca eu e A.Carlos vamos Formatar mais esse texto.
Pode aguardar.Fique com Deus.Vera e Antonio Carlos. SOROCABA
Postar um comentário