No amor
(diferentemente
da guerra),
nem tudo vale,
meu amigo.
No amor, deixas vivo
o inimigo.
com o metro que meço
tudo que teço
traço o traço
paralelo
que
correndo a contrapelo
borda
por sob a pele do verso
uma flor de sangue
e segredo
* CADEIRA NA VARANDA
Pendurei meu pensamento
entre a avenca
e a samambaia.
Num galho da roseira,
espetei
meu coração.
Sossegados,
enfim,
meus olhos pastam a grama do jardim.
*
PSIU
Toda lembrança pressupõe
inúmeros esquecimentos.
Escrevo teu nome aqui
e quantos
não leio no avesso?
Cada palavra dita,
tantas outras adiadas!
Sob um céu
cheio de estrelas.
catamos pedrinhas na calçada...
Marcelo Sandmann
Marcelo Sandmann nasceu em Curitiba, Paraná. Graduou-se em Letras na Universidade Federal do Paraná, em 1989, onde defendeu em 1992, dissertação de mestrado intitulada A poesia de José Paulo Paes. É professor de Literatura Portuguesa, desde 1992, nessa mesma instituição, e atualmente desenvolve projeto de doutorado na UNICAMP sobre o diálogo de Machado de Assis com a tradição literária portuguesa. Como cancionista lançou o CD Cantos da palavra (Independente, 1998) e o livro de poemas Lírico Renitente (Editora 7Letras, 2000). Em 1998, lançou o CD “Cantos da palavra”, contendo suas canções “Cisco”, “Rebuliço”, “Louco”, “Sutileza”, “Céu & Blues”, “O fim da história”, ”Samba na feira”, “Deixa pra lá”, “Cantos da palavra” e “Grão”, todas com Benito Rodriguez, “Juros de amor” e “www.infolia.com.pc”, ambas com Benito Rodriguez e Ricardo Carvalho, “Samba danado” e “Valsa da madrugada”, na interpretação de Silvia Contursi. O disco, produzido por Paulo Brandão, foi contemplado com o IV Prêmio Saul Trumpet (“Os Melhores da Música Paranaense 98”), na categoria Revelação.
Atuou, em 2000 e 2001, como curador regional para os Estados do Paraná e Santa Catarina do projeto “Rumos Itaú Cultural Música - Cartografia Musical Brasileira, do Instituto Itaú Cultural”. Dentro do mesmo projeto, teve canções de sua autoria, interpretadas por Fabiano Medeiros, Rogéria Holtz e pelo grupo Fato, selecionadas para registro digital e divulgação em diversas rádios do país.
Em 2007, selecionou e redigiu textos para o espetáculo “Cores do Brasil”, apresentado pelo Coro da Camerata Antiqua de Curitiba no Teatro Paiol, em 2007 e 2008, em festivais e concertos na Dinamarca, em 2008, e na Itália, em 2009, sob direção musical de Helma Haller e direção cênica de Jaqueline Daher.
Assinou roteiro poético para os concertos de abertura da temporada 2010 da Camerata Antiqua de Curitiba, com composições do norte-americano Eric Whitcare.
Lançou os livros de poesia “Lírco renitente” (Rio de Janeiro: 7Letras,2000) e “Criptógrafo amador” (Curitiba: Editora Medusa,2006). Tem poesias publicadas nas antologias “Passagens” (Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2002), organizada por Ademir Demarchi; e “Roteiro da poesia brasileira: anos 2000” (Rio de Janeiro: Global, 2009), organizada por Marco Lucchesi.
Tem poesias e ensaios sobre música popular e literatura brasileira e portuguesa publicados em suplementos literários, revistas acadêmicas e revistas de poesia e arte, como “Revista Letras” (UFPR), “Revista do Centro de Estudos Portugueses” (USP), “Medusa”, “Babel”, “Sibila”, “Sebastião”, “Et Cetera”, “Oroboro”, “Poesia Sempre” e “Travessias” (suplemento literário da “Revista Camoniana”).
Constam da relação dos intérpretes de suas canções vários artistas, como o grupo Fato (CDs “Fogo Mordido”, de 1996, “Oquelatá Quelateje”, de 2001, “Oquelatá Vivo”, de 2002, e “Músicaprageada”, de 2006), Rogéria Holtz (CD “Acorda”, de 2003), Fabiano Medeiros (CD “Achado”, de 2002), Alexandre Nero, Anna Toledo (CD “Frescura”, de 2005), Guêgo Favetti (CD “Branco”, de 2007), Selma Baptista, Michelle Pucci, Vanessa Longoni (“A mulher de Oslo”, de 2008) e o grupo ZiriGdansk. Tem ainda canções em parceria com os músicos Cláudio Menandro, Grace Torres, Ulisses Galetto, Glauco Sölter, Arthur de Faria (CD “Música pra bater pezinho”, de Arthur de Faria e Seu Conjunto, 2005) e Emerson Mardhine.
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