segunda-feira, 16 de maio de 2011

Soneto de mim, por Rodrigo Madeira

Soneto de mim

quando a chuva cai na terra, sou eu
tudo que fui: espada, chaga e escudo
tudo que serei: mundo menos eu
olhos que não mais despertam no escuro

quando a chuva cai na terra, sou seu
tudo que fui: canto, lâmina e azul
tudo que serei: trans-lúcido orfeu
na árdua descida, solitário e nu

o sol sem pálpebras que burilei
encegueceu-me por rumos que eu quis
estes retalhos todos que enverguei

são versos que me lumem por um triz
e de repente, aturdido, sou quase
nitidez que se descobriu miragem

Rodrigo Madeira

Um comentário:

Isabel Sprenger Ribas disse...

Belíssimo poema!isabel Sprenger Ribas