SEMANA LITERÁRIA
Semana Literária - Feira de Livros 2011
Período 12 a 17 de setembro
Praça Santos Andrade
Literatura e sociedade
Já se foi o tempo em que se pensava que a literatura era capaz de reproduzir, ponto a ponto, como um espelho frio e neutro, as coisas do mundo real. A literatura não é um espelho. O século 20 nos mostrou que as relações entre a ficção e a realidade são intensas sim, mas complexas e nem um pouco lineares.
Vista hoje não como espelho passivo, mas como combustível poderoso de decifração e alargamento do real,a literatura passa a ter um novo papel social. Os escritores não são filósofos, ou cientistas, muito menos religiosos, ou pregadores. A literatura é um mundo específico, que se distingue com veemência da ciência, da filosofia e a religião. Sua potência na vida social é, portanto, singular. Podemos dizer mais: é insubstituível.
Escritores abrem janelas para novos mundos,descortinam realidades ocultas, ampliam a visão tradicional e costumeira que temos da sociedade. Nas mãos dos escritores, a vida social deixa de ser repetição e pragmatismo,afasta-se das normas e do conhecido, para se tornar invenção e, sobretudo, surpresa. A literatura nos leva a ver coisas que, antes dela, não conseguíamos ver. Ela nos faz considerar possibilidades, experimentar perspectivas e alimentar esperanças que, de outro modo, nos escapariam.
A literatura é, por excelência, o lugar da liberdade interior. Lugar do particular, e não do geral, do único, e não das séries e da repetição, ela se oferece, em nosso conturbado século 21, como um poderoso instrumento de interpretação e de desvendamento do real. Não para oferecer respostas prontas, porque se faz isso literatura não é, mas para gerar novas e atordoantes perguntas. Não para produzir soluções, mas novas inquietações. Não para reduzir a palavra a um simples instrumento técnico, mas para dela arrancar uma parte do futuro.
A Semana Literária – Feira do Livro Sesc tem como tema “Literatura e Sociedade”. A ideia é discutir o lugar que a literatura ocupa no mundo, as portas que ela pode nos abrir, o que dela podemos, ou não podemos, esperar. Qual é a função da literatura? No século 21, marcado pelas imagens, pela velocidade e pela web, qual é o seu papel? As mesas do evento não prometem respostas, mas uma reflexão acurada. Não prometem fórmulas, ou súmulas, mas o exercício libertador da interrogação.
José Castello - Curador
SEMANA LITERÁRIA - CONFERÊNCIAS E MESAS-REDONDAS
Dia 12 (segunda-feira) – 19h30
Conferência – Literatura e Sociedade
Ana Maria Machado
Mediação – José Castello
Qual o papel da literatura na formação de cidadãos e na criação de uma sociedade mais justa e mais digna? A literatura não é um simples divertimento, um jogo anódino e banal, hoje superado _ como muitos pensam _ pelos jogos online e pelas redes da web. Não é também um espelho passivo do mundo, que se limita a refleti-lo e a emoldurá-lo, sem intervir em seus conteúdos. Muito mais que isso, a literatura é peça decisiva na formação humana. ela amplia a imaginação, revela e expande a face complexa e multifacetada da existência, aposta na força do singular e do sujeito, tornando-se assim peça fundamental na formação humana. Muito além da simples transmissão de regras sociais, da divulgação de normas de boa conduta e da valorização necessária de nossa língua portuguesa, a literatura é um instrumento crucial na formação de indivíduos criativos e de alma livre. Na formação de cidadãos que mereçam esse nome.
Ana Maria Machado, escritora e jornalista. Eleita em 2003 para a Academia Brasileira de Letras, onde é a sexta ocupante da cadeira nº 1, nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1941. Formada em Letras Neo-Latinas, tem pós-graduação na UFRJ. Entre outras experiências jornalísticas, chefiou por sete anos o Sistema Jornal do Brasil de Rádio. Abandonou o jornalismo em 1980 para se dedicar inteiramente à literatura. No ano 2000, recebeu o prestigiado prêmio Hans Christian Andersen, considerado o “Nobel” da literatura infanto-juvenil, destaque em uma longa série de importantes prêmios nacionais e internacionais. É autora, entre outros, de Menina bonita do laço de fita (Ática, 2010), Bisa Bia Bisa Bel (Salamandra, 2007), A audácia dessa mulher (Nova Fronteira, 1999) e Como e por que ler os clássicos universais (Objetiva, 2002).
Dia 13 (terça-feira) – 9h30
Mesa-redonda – Literatura e Política
Milton Hatoum e Wanderley Guilherme dos Santos
Mediação - Rogério Pereira
No século 20, os escritores apostaram alto nas relações entre a literatura e a política. Acreditaram, sinceramente, que a literatura podia mudar o mundo e, até, fazer a revolução. Os existencialistas _ Sartre, Simone, Camus _, os sul-americanos _ Cortázar, Neruda, Roa Bastos, García Marquez _, entre outros, sem deixar de fazer grande literatura, dela fizeram um instrumento de mudança. No século 21, essa crença no poder de transformação social da literatura desapareceu. São poucos os escritores, hoje, que ainda acreditam na eficácia política de sua escrita. Ainda assim, eles insistem em dizer que a literatura pode mudar as pessoas e sua visão das coisas _e, em consequência, ainda acreditam em alguma potência social das ficções. O que se pode esperar hoje da literatura? De que maneira ela ainda pode, se é que pode, influenciar e energizar os valores e as propostas políticas?
Milton Hatoum nasceu em Manaus, em 1952. Lecionou literatura na Universidade Federal do Amazonas e na Universidade da Califórnia (Berkeley). Foi escritor residente nas universidades norte-americanas de Yale, Stanford e Berkeley. É autor dos romances Relato de um certo Oriente (1989), Dois irmãos (2000), Cinzas do Norte (2005) e Órfãos do Eldorado (2008). Em 2009 publicou o livro de contos A cidade ilhada. Sua obra de ficção foi traduzida em dez línguas e publicada em doze países. Atualmente mora em São Paulo e é cronista literário do Caderno 2 (O Estado de S. Paulo) e do Terra Magazine. http://www.miltonhatoum.com.br/.
Wanderley Guilherme dos Santos nasceu em 1935, no Rio de Janeiro. Formou-se em filosofia, é cientista político e escritor.Doutor em Ciência Política pela Stanford University, EUA. Foi um dos fundadores do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro – IUPERJ. Autor, entre outros, o ex-Leviatã brasileiro (Civilização Brasileira, 2006), Horizonte do desejo (Editora da Fundação Getúlio Vargas,2006), Governabilidade e democracia natural (idem, 2007)e O paradoxo de Rousseau (Rocco, 2007). É autor do romance Acervo do maldizer (Rocco, 2008).
Dia 13 (terça-feira) – 19h30
Mesa-redonda – Literatura e Cidades
Beatriz Bracher e Gustavo Bernardo
Mediação: Christian Schwartz
Pode a literatura dar conta da vida cotidiana? Em um mundo devassado pelas imagens, que lugar sobra para a palavra? Em um mundo pragmático e realista, que espaço resta para a imaginação? Já não sabemos em que medida a literatura ainda reflete e interfere no dia a dia do mundo urbano. Nele, o romance já não é _ como nos tempos de Gustave Flaubert e Emma Bovary _ um refúgio, uma fuga para o tédio da província. Ao contrário, ele é lido nos metrôs, nas piscinas, nas praias, nos escritórios, nos cafés, tornando-se um lugar de recolhimento e de reflexão, mas também de lazer e distração, em meio ao burburinho e ao caos das grandes cidades. De que maneira o romance _ na longa tradição que vem do Quixote, de Cervantes, chega à Bovary, de Flaubert, e desemboca nos russos _ sobrevive nas grandes metrópoles de hoje? Ele se torna um lugar de fuga ou, ao contrário, um reduto de reflexão e ação? Expostos nos supermercados,em aeroportos, ou bancas de jornais, conservam ainda as ficções e a poesia seu poder de contestação, de rebeldia e de reflexão? Terá o romance se tornado tão banal quanto as telenovelas, a publicidade e os jogos on line? Perdeu ele sua força?
Beatriz Bracher nasceu em São Paulo em 1961. Foi uma das editoras da revista de literatura e filosofia 34 Letras (1988-91) e uma das fundadoras da Editora 34, onde trabalhou entre 1992 a 2000. Publicou os romances Azul e Dura, 2002, Não Falei, 2004, Antônio, 2007, e o livro de contos Meu Amor, 2009, os quatro editados atualmente pela Editora 34. Foi co-roteirista dos filmes Os inquilinos (2009),de Sérgio Bianchi, e O abismo prateado (2011), de Karim Aïnouz.
Gustavo Bernardo Galvão Krause nasceu no Rio de Janeiro em 1955. É escritor, ensaísta e educador. É Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de Teoria Literária. A partir de 2003, se torna editor do prestigiado site Dubito Ergo Sum, dedicado a debates de literatura e filosofia. É autor, entre outros, de O problema do realismo de Machado de Assis (Rocco, 2011), Redação inquieta (Rocco, 2010), O livro da metaficção (Tinta Negra,2010), A ficção cética (Annablume, 2004) e A dúvida de Flusser (Globo, 2002). Autor de romances como A filha do escritor (Desiderata, 2008). É também autor de narrativas infanto-juvenis.
Dia 14 (quarta-feira) – 9h30
Mesa-redonda – Literatura e Sedução
Mariana Ianelli e Michel Laub
Mediação: Flávio Stein
Muito se discute a respeito do poder, ou a decadência do poder, da literatura no mundo contemporâneo. Esquece-se,muitas vezes, que um grande livro não se impõe através do marketing, do mercado, das estratégias publicitárias, mas através de sua capacidade de seduzir o leitor. É quando falha nesse esforço de sedução que um livro fracassa. Quando é bem sucedido, se consagra. O poder dos escritores não tem relação alguma com a força, a autoridade, ou a arrogância. Também não é um resultado direto de estratégias industriais, ou comerciais. Um escritor se impõe, ao contrário, quando consegue arrastar o leitor para o interior de seu mundo pessoal, quando o atrai com suas narrativas e seus versos, quando envolve o mundo com a delicadeza da fantasia. O escritor é, em última instância, um sedutor, por quem o leitor se apaixona, ou a quem ele rejeita. Escrever é, um pouco, a arte de seduzir.
Mariana Ianelli nasceu em 1979, na cidade de São Paulo.Poeta, mestre em Literatura e Crítica Literária, é autora de Trajetória de antes (1999), Duas chagas (2001), Passagens (2003), Fazer silêncio (2005), Almádena (2007) e Treva alvorada (2010), todos publicados pela editora Iluminuras. Colabora como resenhista para os jornais O Globo - Prosa&Verso (RJ) e Rascunho (PR). Tem participações em várias antologias e revistas literárias. Escreve crônicas semanais para o site Vida Breve www.vidabreve.com. Em 2008 recebeu o prêmio Fundação Bunge (antigo Moinho Santista) - Literatura, na categoria Juventude. Em 2011 obteve menção honrosa da Casa das Américas (Cuba) pelo livro Treva Alvorada. Site oficial: www.uol.com.br/marianaianelli
Michel Laub nasceu em Porto Alegre, em 1973. Escritor e jornalista, publicou cinco romances, todos pela Companhia das Letras: Música Anterior (2001); Longe da água (2004), O segundo tempo (2006), O gato diz adeus (2009) e Diário da queda (2011). Recebeu o prêmio Erico Verissimo/Revelação, da União Brasileira dos Escritores, as bolsas Vitae, Funarte e Petrobras e foi finalista dos prêmios Jabuti,Portugal Telecom (duas vezes), Fato Literário/RBS e Zaffari/Bourbon. Tem textos publicados na Argentina, Itália e Coreia.
Dia 14 (quarta-feira) – 19h30
Mesa-redonda – Literatura e Alteridade
Antonio Cícero e Beatriz Rezende
Mediação: Mauro Tietz
Em que medida a literatura pode favorecer os laços de respeito e de amizade? Em que medida ela é um instrumento de acesso ao outro? Pode a literatura contribuir para o equilíbrio social e a paz? Vivemos em um mundo que se fragmenta, no qual a autoridade paterna se enfraquece e o respeito pelo outro se torna um valor em desuso. Um mundo líquido, para usar a expressão consagrada por Zygmunt Bauman, em que os laços afetivos se banalizam e o respeito ao próximo deixa de ser um bem. Em que medida a literatura pode nos ajudar no reatamento dos laços amorosos? Não há literatura sem uma relação de intensa confiança e entrega entre escritor e leitor. Como diz a canadense Claire Varin, quando alguém lê Clarice Lispector, ele “é” Clarice. Em que medida, então, a pode reanimar um mundo que se evapora e se liquefaz, emprestando-lhe novos limites e oferecendo-lhe novos sentidos? Pode a literatura _ quando descortina mundos imaginários e singulares _ influir na geração de uma ética do outro?
Antonio Cícero, poeta e ensaísta, é autor de importantes ensaios filosóficos. Nasceu no Rio de Janeiro em 1945. Em 1993, em parceria com o poeta Wally Salomão, concebeu o projeto Banco Nacional de Idéias, responsável por uma longa série de conferências de importantes convidados nacionais e estrangeiros. Em colaboração com o poeta Eucanaã Ferraz, editou a Nova antologia poética de Vinicius de Moraes (Companhia das Letras, 2003). Autor, entre outros, de O livro de sombras (+2 Editora, 2010), Finalidades sem fim (Companhia das Letras, 2005), Guardar (poesia, Record,1996) e O mundo desde o fim (Francisco Alves, 1999).
Beatriz Resende, nascida no Rio de Janeiro, é Doutora em Literatura Comparada e Mestre em Teoria Literária pela UFRJ. Professora da Escola de Teatro da UNIRIO. Pesquisadora do CNPQ é também pesquisadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea-PACC/UFRJ e do CNPQ. Edita o “Fórum Virtual de Literatura e Teatro” (http://www.pacc.ufrj.br/literatura/forum) e, junto com Heloisa Buarque de Hollanda, a Revista Virtual Z Cultural. Atualmente é a Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. É autora, entre outros, de Contemporâneos, Expressões da literatura brasileira no século XXI, (Casa da palavra/Biblioteca Nacional, 2008), Apontamentos de crítica cultural, (Aeroplano, 2000) e Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos (Editora UFRJ/Editora UNICAMP, 1993). Organizou,entre outros, Cocaína, literatura e outros companheiros de viagem, (Casa da Palavra, 2006) e Toda crônica (reunião das crônicas de Lima Barreto),RJ,Agir, 2004.
Dia 15 (quinta-feira) – 9h30
Mesa-redonda – Literatura e Civilização
Cristovão Tezza e Eliane Brum
Mediação: Luis Henrique Pellanda
A arte sempre foi apontada como um reduto da civilização. Freud chegou a formular o conceito de “sublimação”, em que via a arte como um caminho civilizado e benigno para o controle das energias agressivas. O mundo contemporâneo precisa de gentileza e de delicadeza, necessidade cada vez mais de educação e de civilidade, e a arte é sempre vista como um veículo precioso para isso. Contudo, a arte e a literatura de hoje parecem sacudidas, invadidas mesmo, pelos ventos de destruição e morte que sopram no planeta. Livros e filmes “indigestos” ganham prêmios, chegam às listas de Best Sellers e se consagram.De outro lado, muitos leitores já não aceitam uma arte “positiva” _ confinando-a no reduto pouco valorizado da “auto-ajuda” e da diversão. É possível contar com a literatura como parceira na luta pela reconquista da grandeza da existência? Pode a literatura nos devolver a humanidade?
Cristovão Tezza publicou mais de dez romances, entre eles Trapo, Breve espaço entre cor e sombra, O fotógrafo e O filho eterno. Ex-professor do Curso de Letras da Universidade Federal do Paraná, publicou ainda Entre a prosa e a poesia – Bakhtin e o formalismo russo, sua tese de doutorado. Assina uma coluna semanal no jornal Gazeta do Povo,de Curitiba. Recebeu o prêmio Machado de Assis, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, por seu romance Breve espaço entre cor e sombra; os prêmios Bravo! e o Prêmio Academia Brasileira de Letras, como melhor romance do ano, com O fotógrafo. O filho eterno recebeu os prêmios Portugal-Telecom de Literatura em Língua Portuguesa (melhor livro), Prêmio São Paulo de Literatura (melhor romance),Prêmio Bravo! (livro do ano), Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), além do Prêmio Jabuti de melhor romance. O romance já foi publicado na Itália,Portugal, França (onde recebeu o prêmio Charles Brisset,da Associação de Psiquiatria Francesa), Holanda, Espanha,Austrália e Nova Zelândia. No final de 2010 lançou seu mais recente romance, Um erro emocional (editora Record). E um livro de contos – Beatriz – já tem lançamento programado para o segundo semestre de 2011.
Eliane Brum nasceu em 1967, em Ijuí, Rio Grande do Sul.É jornalista, escritora e documentarista. Foi repórter do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, e repórter especial da Revista Época, de São Paulo. É colunista do site da revista Época e cronista do site Vida Breve. Como jornalista, ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem, como Esso, Vladimir Herzog, Ayrton Senna,Sociedade Interamericana de Imprensa e Rei de Espanha. Seu documentário de estreia, Uma História Severina, de 2006, recebeu mais de 20 prêmios nacionais e internacionais.Lançou três livros de reportagem: Coluna Prestes – o avesso da lenda (Artes e Ofícios, 1994, prêmio Açorianos de autora-revelação), A vida que ninguém vê (Arquipélago,2006, prêmio Jabuti) e O olho da rua (Globo, 2008). Em junho deste ano, lançou seu primeiro romance, Uma Duas (Leya).
Dia 15 (quinta-feira) – 19h30
Mesa-redonda – Literatura e Perigo
Cintia Moscovich e Marcelino Freire
Mediação: Jussara Salazar
A morte brutal do romancista e poeta Wilson Bueno, em 2010, trouxe à cena um tema antigo e resistente: as relações insistentes entre a arte e o perigo. Por colocar-se à margem das normas sociais, por desafiar a rotina burocrática com novas propostas e novos desejos, o escritor se coloca, desde o Romantismo, em uma posição de grande risco, aproximando-se da imagem do desviante e do rebelde. Em que medida, como no caso de Wilson, isso pode invadir sua vida pessoal? É mesmo preciso sofrer para escrever? Em contraposição, a imagem contemporânea do escritor do homem consagrado, que recebe prêmios, homenagens e pontifica na mídia _ é, um pouco, um desmentido desse ideal rebelde. Mas mesmo o sucesso guarda suas armadilhas, como a exposição excessiva, a banalização da palavra,e outros riscos. Entre o perigo e o sucesso, o lugar do escritor é sempre instável e está sempre sujeito a golpes. Que lugar é destinado ao escritor no século 21? Ainda é preciso coragem, ou basta ambicionar o sucesso e a consagração, para se tornar um escritor?
Cíntia Moscovich é escritora, jornalista, mestre em Teoria Literária, roteirista de televisão e ministrante de oficinas literárias.Tendo iniciado sua carreira em 1996, com o livro de contos O reino das cebolas, Cíntia também é autora de romances, como Duas iguais e Por que sou gorda, mamãe? Possui publicações individuais em Portugal, na Espanha e na Itália, participando de diversas antologias no exterior e no Brasil. Vencedora do Concurso de Contos Guimarães Rosa, instituído pelo Departamento de Línguas Ibéricas da Radio France Internationale, de Paris, recebeu quatro prêmios Açorianos, além do prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Ex-diretora do Instituto Estadual do Livro,a autora trabalhou como editora de livros do jornal Zero Hora, de Porto Alegre.
Marcelino Freire nasceu em 1967 em Sertânia, no sertão de Pernambuco e vive em São Paulo. É autor, entre outros, de Angu de Sangue (Ateliê Editorial, 2000), Contos Negreiros (Record, 2005, Prêmio Jabuti) e Rasif (Recod, 2008). Em 2004, idealizou e organizou a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século (Ateliê Editorial). Seus contos são freqüentemente adaptados para o teatro. É o criador e curador da Balada Literária, evento anual em São Paulo. Faz parte do coletivo artístico EDITH (visiteedith.com), pelo qual publicou, em julho de 2011, o livro de contos Amar É Crime. (www.marcelinofreire.wordpress.com).
Dia 16 (sexta-feira) – 9h30
Conferência em homenagem a Antonio Candido
Palestrante - Walnice Galvão
Mediação: José Castello
Antonio Candido nunca separou a vida intelectual da experiência social. Em seus preciosos ensaios críticos, que formaram toda uma geração de importantes pensadores da literatura, ele tempera a análise do texto com os efeitos e as interferências do real. Depois da chegada ao Brasil, nos anos 1960, da voga estruturalista, a crítica e a teoria literárias se afastaram das teses de Candido. Indiferente aos modismos intelectuais e leitor fervoroso, ele perseverou em seu caminho. A grande sensibilidade de Antonio Candido o levou a descobrir precocemente escritores então desconhecidos, mas já geniais, como Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto. A sutileza de suas análises e a força de sua argumentação o transformaram em uma figura chave do pensamento brasileiro. Antonio Candido nos ensinou que a literatura está, sempre, envolvida pelo manto da História. Que em seu nascimento guardam-se fortes marcas das circunstâncias e dos eventos sociais. Se ela não é um espelho do mundo, capaz de reproduzi-lo ponto a ponto, pode servir, no entanto, como um precioso instrumento de interrogação a respeito da realidade.
Walnice Nogueira Galvão é professora emérita de Teoria Literária na Universidade de São Paulo, onde se doutorou em 1970. Dedica-se, em particular, ao estudo das obras de Guimarães Rosa e Euclides da Cunha. Autora, entre outros, de Sombras e sons (Lazuli, 2011), Euclides da Cunha/ Autos do processo (Terceiro Nome, 2009), Mínima mímica (Companhia das Letras, 2008) e No calor da hora (Ática, 1994).Foi a primeira assistente de Antonio Candido na USP e trabalhou com ele durante toda a carreira acadêmica.
Dia 17 (sábado) – 10h
Palestra/Show “A canção para crianças”
Rosy Greca
Rosy Greca mergulha no universo da canção autoral produzida no Brasil e propõe uma reflexão sobre o papel determinante da cultura de mídia – em especial, da música comercial absorvida pela infância brasileira – no contexto desse fenômeno social e apresenta a arte – em particular, a canção – como importante contribuição ao processo de reencantamento da infância. Pais, professores, educadores e demais interessados, terão a oportunidade de entrar em contato com um rico acervo e de grande valor e qualidade artística. Também conhecerão novos compositores, intérpretes e produtores dedicados especialmente à canção destinada aos pequenos.
BATE-PAPO COM AUTORES JUVENIS
Autores falam sobre literatura de fantasia Segmento dominado por sucessos estrangeiros, os livros de fantasia ganharam, nos últimos anos, best-sellers nacionais. André Vianco e Eduardo Spohr, dois dos autores brasileiros mais bem-sucedidos do gênero, vão falar, em um bate-papo informal, sobre seus métodos de trabalho e como chegaram às listas de mais vendidos, de forma independente, com um tipo de literatura sem tradição no Brasil. Os dois autores também comentam seus últimos livros, O caso Laura, de Vianco, e Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida , de Spohr.
Dia 15 (quinta-feira) – 16h30
Eduardo Spohr nasceu em junho de 1976, no Rio de Janeiro.
É autor de A Batalha do Apocalipse (Verus/Record), best-seller da literatura de fantasia que entrou para listas dos mais vendidos e virou sucesso na internet, onde Spohr é uma referência. Spohr também trabalhou como editor em diversos veículos de internet, como Cadê, StarMedia, iG, Ibest e Click21. Atualmente, além de seus projetos gráficos,é consultor de roteiro para produtoras publicitárias. Seu novo romance, “Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida” será lançado em setembro.
Dia 16 (sexta-feira) – 16h30
André Vianco é autor de 13 romances, dentre eles Bento,A casa e Os sete (Novo Século), seu primeiro livro, lançado em 2001. Com mais de 500 mil exemplares vendidos, os romances de Vianco fazem grande sucesso entre os fãs dos gêneros de terror e fantasia. O autor também atua como diretor e roteirista de cinema e TV. Seu mais recente livro é O caso Laura, lançado em 2011 pela editora Rocco.
OFICINA
De 14 a 15 – 14h às 17h
De 14 a 15 – 14h às 17h
Oficina de Criação Literária – Narrativas Breves
Ministrante: Marcelino Freire
Como começar um conto, intitular uma história? Como desbloquear um texto, uma ideia, criar um personagem? Que vocabulário utilizar, que repertório buscar? Essas e outras questões serão abordadas na oficina de Narrativas Breves, chamando a atenção para o trabalho de concisão.Também serão indicados para leitura alguns clássicos do gênero.
Marcelino Freire nasceu em 1967 em Sertânia, no sertão de Pernambuco e vive em São Paulo. É autor, entre outros, de Angu de Sangue (Ateliê Editorial, 2000), Contos Negreiros (Record, 2005, Prêmio Jabuti) e Rasif (Recod, 2008). Em 2004, idealizou e organizou a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século (Ateliê Editorial). Seus contos são freqüentemente adaptados para o teatro. É o criador e curador da Balada Literária, evento anual em São Paulo. Faz parte do coletivo artístico EDITH (visiteedith.com), pelo qual publicou, em julho de 2011, o livro de contos Amar É Crime. (www.marcelinofreire.wordpress.com).
Vagas limitadas
PROGRAMAÇÃO INTANTIL
Hora do Conto
Contadora de histórias – Fabiane Decesari
De 13 a 16 – sessões às 9h, 10h, 15h e 16h
Dia 15 - sessão às 14h - Rosy Greca
Dia 17 – sessões às 9h, 9h45, 10h30, 11h30 e 13h
Histórias
- O caso do bolinho, de Tatiana Belinky.
- Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado.
- Galo, galo, não me calo, de Sylvia Orthof.
- Bom dia, todas as cores, de Ruth Rocha.
- Doze reis e a moça no labirinto do vento,
de Marina Colasanti.
- A princesinha medrosa, de Odilon Moraes.
- A princesa sabichona, de Babette Cole.
De 13 a 16 - Bibliotour
Após conhecer o espaço da Semana Literária, na Praça Santos Andrade, e participar da Hora do Conto e visita às livrarias, as escolas agendadas poderão fazer um Bibliotour pela Biblioteca Pública do Paraná.
Agendamento pelo telefone: 32337422 – ramal 2309 c/Janeslei e Rosimeire
Lançamento de Livros & Sessão de Autógrafos
Dia 13 (terça)
- 11h30
Milton Hatoum
Órfãos do Eldorado (2008).
A cidade ilhada (2009)
Wanderley Guilherme dos Santos
Décadas de Espanto e uma Apologia Democrática;
Paradoxo de Rousseau, ( Rocco)
- 18h30
Gustavo Bernardo
O problema do realismo de Machado de Assis (Rocco,2011), Redação inquieta (Rocco, 2011), O livro da metaficção (Tinta Negra, 2010), A ficção cética (Annablume, 2004) e A dúvida de Flusser (Globo, 2002) e A filha do escritor (Desiderata, 2008).
Beatriz Bracher
Meu Amor (Editora 34, 2009)
Dia 14 ( quarta)
- 11h30
Mariana Ianelli
Treva Alvorada ( Ed. Iluminuras, 2010)
Michel Laub
O gato diz adeus (Cia das letras, 2009)
Diário da queda (Cia das Letras, 2011)
Dia 15 (quinta)
- 11h30
Eliane Brum
Uma Duas (Editora/Leya, 2011)
Cristovão Tezza
O Filho Eterno (2007)
17h30
Eduardo Spohr
A Batalha do Apocalipse
Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida
- 18h30
Marcelino Freire
Amar é Crime (Edith, 2011)
Cíntia Moscovich
Por que sou Gorda mamãe?(Record)
Anotações Durante o Incêndio (Record )
Dia 16 (Sexta )
- 11h30
Walnice Galvão
Sombras & Sons ( Editora Lazúli, 2011)
José Castello
Ribamar (Bertrand Brasil)
17h30
André Vianco
O caso Laura(Rocco, 2011)
Estandes de Livrarias
de 12 a 16 – 8h30 às 21h e dia 17 – 9h às 15h
www.sescpr.com.br
Livraria do Chain
Edições SM Brasil
Travessa dos Editores
Sebo Kapricho
Itiban Comics Shop
Programação Gratuita
Os participantes com 80% de presença nas mesas e palestras receberão certificados de extensão universitária pela UFPR.
Inscrições:
Sesc da Esquina
Rua Visconde do Rio Branco, 969
Tel. 3304-2222
Paço da Liberdade
Praça Generoso Marques, 189
Tel . 3234-4200
Sesc Centro
Rua José Loureiro, 578
Tel. 3233-7422
Sesc Portão
Rua João Bettega, 770
Tel. 3329-9999
Sesc Água Verde
Avenida República Argentina, 944
Tel. 3342-7577
Semana Literária – Feira do Livro SESC 2011
Realização
Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná
Presidente
Darci Piana
Diretor Regional do Sesc Paraná
José Dimas Fonseca
Diretora de Educação e Cultura
Marússia de Souza Santos
Gerente de Cultura
Deborah Belotti
Equipe técnica da Gerência de Cultura
Márcio Barbosa Norberto, Emersonn Amaral, Tatyane Ravedutti,
Christophe Spoto e Michelle Moraes
Gerente Executiva do SESC Água Verde
Áquilla Nicz
Gerente Executivo Sesc da Esquina
Adalberto Carneiro
Gerente Executivo do SESC Centro
Jefferson Ferraz
Gerente Executivo do SESC Paço da Liberdade
Celise Helena Niero
Gerente Executivo do SESC Portão
Marcio Reinaldin
Equipe técnica executiva:
Abigail Futikamir, Denise Oliveira, Janeslei P.B Cantagali, Juliana Lopes, Maria Antqueves, Pâmela Martins, Rosemeire Vergílio, Sandra Pizzatto, Sidail Oliveira, Élisson Silva e Rosani Selles.
Núcleo de Comunicação e Marketing
Coordenação Geral - Cesar Luis Gonçalves
Ilustração
Marcelo Weber
Apoio cultural
Universidade Federal do Paraná
Secretaria de Estado da Cultura/Biblioteca Pública
Prefeitura de Curitiba/Fundação Cultural de Curitiba
SEMANA LITERÁRIA
41 3304-2266
Um comentário:
Este trabalho significou muito para meu crescimento.
Parabéns Equipe.
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